Os economistas vencedores do Nobel de Economia, James Robinson e Paul Romer, participaram do evento Global Voices, realizado no último dia 14 em São Paulo pela Confederação Nacional do Comércio (CNC). Durante o debate, eles destacaram que o Brasil apresenta um crescimento que fica abaixo de seu potencial devido a fatores como baixos investimentos em ciência, inovação e instabilidade institucional.
Principais entraves à economia brasileira
Robinson, professor da Universidade de Chicago e laureado em 2024, afirmou que a economia do Brasil estaria melhor sem os entraves institucionais que geram ciclos de desigualdade e baixa produtividade. Segundo ele, a dependência de commodities, a informalidade persistente e a ausência de uma estratégia clara para o desenvolvimento industrial são os principais dilemas do país.
Desequilíbrios estruturais e desigualdade
“Tais consequências são frutos de três dilemas: dependência de commodities, informalidade persistente e falta de uma estratégia clara para o desenvolvimento industrial,” explicou Robinson. Além disso, ele acredita que o baixo nível de investimentos sistemáticos prejudica a inovação e o avanço tecnológico do Brasil.
Polarização política e seus efeitos econômicos
Romer, Nobel de 2018, destacou o impacto da polarização política no desenvolvimento nacional. Para ele, a fragmentação, impulsionada pelas redes sociais e pelos modelos digitais de publicidade, dificulta o consenso necessário para implementar políticas públicas de longo prazo.
Construção de confiança e regulamentação digital
Segundo Romer, uma solução é estabelecer medidas de construção de confiança entre os diferentes espectros políticos, apoiando ações conjuntas. Ele sugeriu que o Brasil possa liderar um movimento global na regulamentação das plataformas digitais, incluindo a tributação da publicidade digital.
Brasil como modelo e desafios globais
“O Brasil é grande o suficiente para controlar seu destino. E o povo brasileiro deve decidir o que quer, especialmente o que deseja para seus filhos,” afirmou Romer. Ele reforçou que o país pode servir como exemplo mundial ao implementar a tributação de publicidade digital, além de melhorar sua narrativa de futuro e ampliar investimentos em tecnologia orientada à inovação.
Riscos internacionais e cenário doméstico
Romer também alertou para riscos externos, como uma possível recessão nos Estados Unidos nos próximos 12 meses, devido às tarifas comerciais e ao colapso do mercado de inteligência artificial (IA). “Se isso acontecer, o Brasil deve estar preparado”, disse ele. Segundo o especialista, o avanço digital impulsiona a economia e, sua desaceleração, pode causar efeitos negativos significativos.
A importância de reformas e maior investimento
Para Romer, o Brasil precisa melhorar sua narrativa de futuro e ampliar o nível de investimento em tecnologias sofisticadas para se tornar um polo de inovação, aproveitando momentos favoráveis de descoberta de recursos, como o potencial de petróleo na Foz do Amazonas.
*Fonte: O Globo