Brasil, 22 de outubro de 2025
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Apenas 25% das pessoas trans estão empregadas formalmente no Brasil

Dados do Ipea revelam desigualdade no mercado de trabalho para pessoas trans, com altas taxas de subemprego e rendimentos menores

Uma nova nota técnica do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgada nesta quarta-feira (20), aponta que apenas 25% das pessoas trans no Brasil estavam empregadas formalmente em 2023. A taxa é 6,8 pontos percentuais inferior à da população geral, evidenciando as fortes barreiras enfrentadas para acessar o mercado de trabalho.

Desigualdades no mercado de trabalho para pessoas trans

O estudo, elaborado pelos pesquisadores Filipe Cavalcanti, Felipe Pateo e Alberto Silva Filho, mostra que a desigualdade de oportunidades é mais aguda entre as mulheres trans, cuja participação no emprego formal é de 20,7%, enquanto entre os homens trans o índice chega a 31,1%. Além disso, as diferenças regionais chamam atenção: o Nordeste (17,8%) e o Centro-Oeste (24%) registram as menores taxas de inserção, enquanto o Sul e o Sudeste apresentam índices mais elevados, embora ainda abaixo da média nacional.

Baixos salários e ocupações de baixa remuneração

Segundo o estudo, a média de rendimentos das pessoas trans inseridas no mercado formal é de R$ 2.707 por mês, valor 32% inferior à média nacional de R$ 3.987. Mesmo entre aqueles com ensino superior completo, os rendimentos permanecem menores: uma pessoa trans com diploma universitário recebe, em média, 27,6% a menos do que uma pessoa não trans com o mesmo nível de escolaridade.

Setores de atuação e desigualdades na proteção trabalhista

Mais da metade das pessoas trans com emprego formal está concentrada em setores como comércio, atividades administrativas, serviços e alojamento e alimentação. Ainda assim, a presença no setor público é reduzida: apenas 5,5% possuem vínculo estatutário, proporção que é duas vezes menor que a da população total. “Esses dados reforçam que as pessoas trans estão inseridas, majoritariamente, em ocupações de baixa remuneração e reduzida proteção trabalhista”, destacam os autores do estudo.

Metodologia inovadora e alcance do levantamento

Para a realização do estudo, os pesquisadores utilizaram uma metodologia inédita que permitiu identificar pessoas trans em registros administrativos, como o Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) e a Relação Anual de Informações Sociais (Rais). Com esse método, foram identificadas 38.700 pessoas trans entre 14 e 64 anos, sendo que 47,6% delas realizaram alteração de nome e gênero entre 2023 e 2025, e 45,8% possuem nome social registrado. Segundo os autores, embora o número não represente toda a população trans do país, trata-se de um marco na quantificação de uma parcela até então invisibilizada nas estatísticas públicas.

Faixa etária e distribuição regional

De acordo com o levantamento, a maior parte das pessoas trans identificadas está na faixa de 18 a 30 anos (59,8%). Regionalmente, o Sudeste concentra 51,1% dos registros, seguido pelo Sul (15,9%), enquanto Norte e Nordeste apresentam menor representatividade. Os pesquisadores ressaltam que, mesmo nas regiões com maior dinamismo econômico, persistem as barreiras à contratação e permanência dessa população no mercado formal.

Perspectivas e desafios futuros

Os dados reforçam a necessidade de políticas públicas de inclusão e combate às desigualdades enfrentadas pelas pessoas trans no Brasil. A redução do subemprego, o aumento de oportunidades em setores com maior proteção trabalhista e ações de fortalecimento da educação superior para esse grupo são passos essenciais para promover maior igualdade social.

Para mais detalhes, confira a nota técnica do Ipea.

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