A deputada eleita Adelita Grijalva, que venceu uma eleição especial em setembro para representar o distrito 7 do Arizona, ainda não foi oficialmente empossada, quase um mês após sua vitória eleitoral. A demora se deve às divergências em relação à sua posse, com o presidente da Câmara, o republicano Mike Johnson, citando o shutdown do governo como justificativa para o atraso.
Desafios legais e disputa pelo ritual de posse
Na terça-feira, a procuradora-geral do Arizona, Kristin Mayes, de partido democrata, entrou com uma ação na Corte Distrital de Washington, D.C., questionando a negativa do Congresso de empossar Grijalva. Segundo Mayes, Johnson “não apresentou razão válida para negar a posse” da deputada, eleita após a falência do repórter Raúl Grijalva, pai de Adelita, que faleceu antes do fim do seu mandato.
A ação também argumenta que, embora a Constituição não especifique quem deve aplicar o juramento de posse, o presidente da Câmara tem a autoridade para fazê-lo. Assim, a disputa jurídica busca garantir que, após tomar o juramento legal, Grijalva seja reconhecida como membro do Congresso. Além disso, o documento pede que, caso Johnson não administre o juramento, alguém autorizado por lei possa fazê-lo.
Stake da disputa e o impacto do shutdown
Johnson afirmou, em entrevista na Câmara, que a ação judicial era “absurda” e defendeu sua postura de não promover a posse enquanto o governo permanecesse fechado. Ele afirmou: “Nós administramos a Câmara. Ela não tem jurisdição. Estamos seguindo precedentes”. Desde 19 de setembro, a Câmara não tem realizado sessões legislativas regulares após a aprovação de um projeto de lei de financiamento que ficou travado no Senado, levando ao fechamento do governo.
Apesar do impasse, há suspeitas de que a demora na posse de Grijalva possa estar ligada a interesses políticos oculta, devido à sua possível votação decisiva em questões relacionadas às revelações de arquivos associados ao falecido criminoso Jeffrey Epstein. Presidentes anteriores também já swore em deputados fora do período regular de sessões, o que reforça a possibilidade de um procedimento alternativo, caso Johnson não administre o juramento oficial.
Entraves e recentes recordes de atraso
O atraso na posse de Adelita Grijalva já é um dos mais longos na história recente do Congresso dos Estados Unidos. Até 22 de outubro de 2025, haviam se passado 29 dias desde a sua vitória eleitoral, colocando-a entre os congressistas com maior atraso na história na sua confirmação oficial.
A situação permanece incerta, com a possibilidade de a decisão judicial determinar quem deve aplicar o juramento de posse e de que forma. O desfecho da disputa pode estabelecer um precedente importante para futuras situações similares, principalmente durante períodos de crise política e de shutdown.