A Floresta Amazônica, além de ser um dos maiores sumidouros de carbono do planeta, desempenha papéis fundamentais na regulação climática em escala global. Pesquisas recentes indicam que as partículas orgânicas liberadas na região têm a capacidade de subir a altitudes maiores do que se pensava, impactando diretamente na formação de chuvas. Esses resultados são fruto do projeto Observatório da Torre Alta da Amazônia (ATTO), uma iniciativa que envolve o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) em parceria com a Sociedade Max Planck da Alemanha.
A relevância das descobertas do ATTO
Durante uma entrevista ao Metrópoles, Martin Stratmann Cramer, diretor da Sociedade Max Planck, destacou como as descobertas do ATTO podem contribuir para discussões e formulações de políticas climáticas em todo o mundo. Este assunto é especialmente relevante com a aproximação da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima (COP30), que ocorrerá em Belém, na capital do Pará, em novembro.
Para apoiar a continuidade dos esforços do ATTO, a Sociedade Max Planck anunciou que investirá aproximadamente 17 milhões de euros — o equivalente a cerca de R$ 106 milhões — nos próximos cinco anos. Essa iniciativa reforça o compromisso da organização com a pesquisa científica e a luta contra as mudanças climáticas.
Contribuições científicas e políticas
Martin Stratmann Cramer também respondeu a perguntas sobre os principais avanços alcançados nas pesquisas do ATTO ao longo de uma década. Ele explicou que os cientistas descobriram que as moléculas e partículas orgânicas liberadas pela floresta tropical alcançam altitudes muito superiores ao que era anteriormente acreditado. Essas partículas são essenciais para a formação de chuvas e aprimoram a compreensão dos mecanismos de criação das nuvens. Além disso, o projeto tem produzido um registro robusto e de longa duração sobre os gases de efeito estufa na atmosfera, contribuindo para uma melhor compreensão das mudanças climáticas.
O diretor da Sociedade Max Planck enfatizou também a importância da ciência no processo político, especialmente em um contexto onde a COP30 está prestes a ser realizada no Brasil. Ele frisou que, embora a ciência não substitua o processo político, ela deve sempre fornecer dados e evidências para informar as decisões. Stratmann compartilhou que, em sua palestra em Brasília, abordou os dez principais fatos sobre as mudanças climáticas, buscando tornar as informações acessíveis a todos.
Desafios e riscos atuais para a Amazônia
Em relação aos riscos que a Floresta Amazônica enfrenta, Stratmann alertou que, além de ser vital como sumidouro de carbono — uma função que realiza o ano inteiro, diferente de outras florestas — a região e as comunidades que nela habitam também estão sob ameaça devido às mudanças climáticas. Eventos extremos como enchentes e secas têm se tornado mais frequentes, impactando a biodiversidade e a vida de animais e plantas.
Futuro da colaboração científica
A Sociedade Max Planck está planejando ampliar sua presença e parcerias no Brasil e na América Latina, com ênfase na forte colaboração que já têm estabelecido com o INPA. Stratmann anunciou que ainda este ano abrirão edital para dois novos Centros Max Planck, previstos para a inauguração em 2026. Esses centros serão mantidos em conjunto com financiamento de ambos os lados e proporcionarão um ambiente ideal para pesquisa de ponta a jovens talentos.
Em um contexto de renovado otimismo após a posse de Lula, Cramer ressaltou a importância da troca de talentos e projetos de pesquisa conjuntos, que podem gerar sinergias e inovações. Ele defendeu que o Brasil deve focar na promoção da excelência científica, permitindo que os melhores pesquisadores sigam seus interesses e contribuam significativamente para a solução dos desafios globais, como as mudanças climáticas.
Essa visão é fundamental para fortalecer a infraestrutura de pesquisa no Brasil e ampliar sua participação em projetos científicos internacionais, especialmente em um momento em que a comunidade global busca soluções para problemas como a crise climática, que afeta não apenas a Amazônia, mas o planeta como um todo.
Por fim, a contribuição da Amazônia para o bem-estar do planeta não pode ser subestimada, e as colaborações científicas internacionais são essenciais para preservar esse patrimônio natural valioso para o futuro.
Leia mais sobre a pesquisa da Sociedade Max Planck na Amazônia.