São João Paulo II, que foi o segundo papa que mais durou na história moderna, com 27 anos de pontificado, também foi o primeiro nono italiano desde Adriano VI, em 1523. Além de sua longa liderança, ele deixou uma marca profunda na Igreja Católica e na política mundial, que ainda reverbera até hoje.
1. Influência na queda do comunismo em Europa de Leste
Segundo o biógrafo oficial do Papa, George Weigel, a influência de João Paulo II foi fundamental na derrubada do comunismo na Europa Oriental. Seu envolvimento com líderes mundiais e sua presença no cenário internacional fortaleceram a luta contra regimes totalitários que causaram a morte de mais de 30 milhões de pessoas.
Reagan, por exemplo, considerava o pontífice seu “melhor amigo” e afirmava que conhecia sua alma melhor do que ninguém. Nos anos que antecederam a queda do Muro de Berlim, o papa realizou 38 visitas oficiais e 738 audiências com chefes de estado, promovendo uma revolução de consciência que impulsionou a não violência e o fim do regime soviético.
Weigel resume: “Ele se via como pastor universal, lidando com atores políticos, mas guiado pela moral universal. Era um líder que buscava ajudar, sem medo de assumir riscos, valorizando a prudência”.
2. Canonizações e beatificações ao alcance de todos
João Paulo II beatificou 1.338 pessoas e canonizou 482 santos, mais do que seus predecessores juntos ao longo de cinco séculos. Entre eles, destaque para Santa Teresa de Calcutá, uma de suas santas mais conhecidas, e São Francisco de Assis, além de santos jovens como Pier Giorgio Frassati.
O papa polonês queria difundir a santidade, mostrando que ela é acessível a todos. “Ao canonizar Santa Faustina, transmiti a mensagem do amor misericordioso de Deus ao mundo”, destacou em sua homilia de canonização. Sua paixão por reconhecer a santidade simples e vivida na fidelidade diária foi uma de suas maiores marcas.
3. Renovação na agenda de viagens do papado
Com aproximadamente 129 países visitados, João Paulo II estabeleceu um recorde de deslocamentos mundiais, levando a mensagem do Evangelho aos quatro cantos do planeta. Criador da Jorna Mundial da Juventude, presidiou 19 edições, sempre reforçando a importância de estar presente às comunidades.
Weigel afirma que o papa via suas viagens como peregrinações, mergulhadas em celebrações litúrgicas, oração e encontros ecumênicos. Essa estratégia ampliou a presença da Igreja, especialmente durante uma época de grandes mudanças sociais e políticas.
4. Contribuições à doutrina da Igreja
João Paulo II foi um grande estudioso e reformador: promulgou o Catecismo da Igreja Católica em 1992, reformou os Códigos de Direito Canônico Ocidental e Oriental, e redigiu 14 encíclicas, 15 exortações apostólicas e diversas constituições e cartas papais.
Seus ensinamentos, como a teologia do corpo, continuam influentes, mas ainda há muito a explorar sobre seu magistério. Sua produção intelectual repagina a compreensão da doutrina e reforça seu papel como mestre da fé.
5. Renovação da Igreja na África
O entusiasmo evangelizador de João Paulo II teve forte impacto na África, onde ele visitou diversas vezes e cultivou uma amizade próxima com o cardeal beninense Bernardin Gantin. Seu estilo vivo e apreciado pelos fiéis inspirou uma nova geração de católicos africanos.
“Ele via a fé africana como uma renovação do Evangelho, e permaneceu atento às realidades daquele continente”, destaca Gantin. Além disso, seus encontros e visitas fortaleceram a compreensão da Igreja e sua missão na região.
Essa trajetória de intensa atividade, liderança espiritual e compromisso social fez de João Paulo II uma figura cujo legado permanece vivo, influenciando a Igreja e a política mundial até os dias atuais.
Este texto foi originalmente publicado em 22 de outubro de 2021 e foi atualizado.
