A política japonesa ganhou uma nova fase nesta terça-feira (21), com a eleição de Sanae Takaichi como primeira-ministra do Japão. Aos 64 anos, ela se tornou a primeira mulher a ocupar o mais alto cargo executivo no país. Takaichi, que lidera o Partido Liberal Democrata (LDP), venceu a votação no parlamento com 237 dos 465 votos na Câmara Baixa do Parlamento Nacional, derrotando o opositor Yoshihiko Noda.
Ascensão e contexto político de Sanae Takaichi
A eleição ocorreu logo após a renúncia do então primeiro-ministro Shigeru Ishiba, que deixou o cargo pela manhã. A sessão extraordinária do parlamento foi convocada para a escolha de Takaichi, que enfrentou um cenário de instabilidade política, marcada por escândalos e queda de apoio ao LDP, partido que domina a política japonesa há décadas. Apesar de sua vitória na Câmara Baixa, ela precisava conquistar o apoio do Senado, onde ficou uma cadeira atrás da maioria na primeira votação, mas garantiu a vitória no segundo turno.
Transformações na coalizão e alianças estratégicas
Apesar da dominância histórica do LDP, recentementes desafios políticos acarretaram insegurança quanto à sua continuidade no poder. A saída do coalizante de 26 anos, Komeito, gerou incertezas, mas Takaichi conseguiu assegurar sua posição ao firmar uma coalizão com o partido Nippon Ishin no Kai (Inovação do Japão), que atualmente possui 54 cadeiras no Parlamento.
Coalizão com o Inovação do Japão
A parceria fortalecida dá ao bloco governista um total de 351 cadeiras na legislatura, aumentando a estabilidade de Takaichi no cargo. Noboyuki Baba, ex-líder do Ishin, descreveu o partido em 2023 como “o segundo LDP”, destacando a semelhança na postura de segurança e política nacional adotada pelas duas legendas. Ambas defendem aumento nos gastos de defesa e reformas na constituição para permitir a manutenção de forças militares, contrastando com a postura mais pacifista do Komeito.
Factores que marcaram a eleição histórica
A vitória de Takaichi representa uma mudança de tônica na política japonesa, tradicionalmente dominada por homens e por uma orientação mais centrada. A líder do LDP enviou sinais de alinhamento com posicionamentos mais liberais em relação à segurança e à reforma constitucional, refletindo uma postura mais conservadora, como apontou seu discurso na manhã de terça-feira.
Especialistas avaliam que sua ascensão pode influenciar a direção do país nos próximos anos, especialmente no que diz respeito às políticas de defesa e segurança. Além disso, sua eleição sinaliza uma mudança de paradigma ao romper com o padrão de liderança masculina que predominou na história recente do Japão.
A partir de agora, o governo de Takaichi terá o desafio de consolidar a estabilidade política diante de um cenário de fragmentação no legislativo, com uma coalizão reforçada, mas ainda variável. A expectativa é que essa nova liderança defina rumos de uma política mais assertiva no cenário internacional e na reforma de posições internas, refletindo as mudanças emergentes no panorama político do Japão.