As gigantes do setor de tecnologia continuam a investir volumosamente em inteligência artificial (IA) e infraestrutura, apesar dos sinais de alerta sobre um possível excesso de otimismo e uma bolha de avaliação no mercado. Os investimentos podem chegar a trilhões de dólares nos próximos anos, mas a sustentabilidade dessas operações ainda é tema de debate entre analistas e executivos.
O peso do investimento em IA e data centers
Empresas como OpenAI, Nvidia, Meta e Alibaba estão gastando centenas de bilhões de dólares na expansão de centros de dados e na aquisição de chips avançados, essenciais para o avanço da tecnologia de IA. Segundo previsão, os data centers poderão consumir até 3% da eletricidade mundial em 2030, levantando preocupações ambientais e de capacidade de infraestrutura
O crescimento intenso acompanha a demanda por produtos como ChatGPT, Gemini e Claude, que impulsionam uma transformação profunda na economia digital. Entusiastas e pessimistas divergem sobre o potencial de retorno dessas apostas de investimentos tão elevados, com muitos admitindo que o mercado está superaquecido, embora mantenham otimismo no longo prazo.
Sinais de alerta na bolha de IA
Flagrantes de uma possível bolha ficaram evidentes no início de 2025, após a DeepSeek, empresa chinesa de IA, lançar um modelo altamente eficiente com custo muito inferior ao dos concorrentes, o que levou à queda de ações de gigantes do setor nos Estados Unidos. Nvidia, principal fabricante de chips de IA, viu suas ações caírem 17% em um único dia após o sucesso viral da DeepSeek, mas se recuperou posteriormente, atingindo mais de US$ 4 trilhões em valor de mercado
Especialistas alertam que, apesar do entusiasmo, muitos projetos de IA ainda apresentam retorno financeiro incerto. Pesquisadores do MIT apontaram que 95% das organizações não tiveram retorno sobre seus investimentos, e estudos de Harvard e Stanford sugerem que o uso excessivo de IA pode gerar trabalhos superficiais sem avanços reais, além de consumir muita energia.
O risco de uma bolha econômica
Semelhante ao estouro da bolha das pontocom no início dos anos 2000, o mercado de IA também apresenta sinais de especulação excessiva, com avaliação desproporcional às receitas atuais. Investidores e empresas correm o risco de uma correção brusca, que pode gerar perdas bilionárias
O exemplo da DeepSeek mostrou que startups menos consolidadas podem causar impactos rápidos no mercado, levando a uma maior cautela por parte dos investidores. No entanto, grandes corporações estão dispostas a gastar mais para não ficarem para trás na corrida por inovação, aumentando a pressão sobre a infraestrutura global de energia.
Respostas da indústria frente aos desafios
Apesar das preocupações, lideranças do setor, como Sam Altman, CEO da OpenAI, continuam otimistas. Altman admitiu que a tecnologia ainda está em fase de evolução, mas acredita que estamos próximos de alcançar a inteligência artificial geral (AGI), que poderia superar a capacidade humana em várias tarefas
Entretanto, a dependência de capital de risco, o aumento de dívidas e as disputas por recursos computacionais — com empresas como Nvidia, AMD e gigantes chinesas investindo fortunas em chips — reforçam a sensação de um mercado em plena expansão, mas também de alta volatilidade e risco de instabilidade.
Perspectivas futuras e riscos de uma nova bolha
Embora o cenário atual tenha paralelo com os excessos da bolha da internet, a maioria das empresas de tecnologia mais sólidas e consolidadas demonstram maior saúde financeira. Ainda assim, projeções indicam que, até 2030, as receitas necessárias para sustentar esse crescimento podem ficar até US$ 800 bilhões abaixo das expectativas, o que reforça o risco de uma correção severa
Entre os analistas, há consenso de que, assim como na era das pontocom, muitas startups vão fracassar, enquanto algumas gigantes emergirão mais fortes. A preocupação de figuras como Jeff Bezos é que os gastos excessivos possam gerar uma bolha industrial, como ocorreu na biotecnologia nos anos 1990.
Embora o entusiasmo seja alto, a cautela também permanece. A efetividade de investimentos em IA, que ainda não têm garantia de retorno, e as limitações energéticas e ambientais representam obstáculos significativos para o setor.
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