O Instagram anunciou uma atualização nas restrições aplicadas às contas de adolescentes, adotando orientações baseadas na classificação PG-13 para evitar acesso a conteúdo adulto e inapropriado. A medida visa fortalecer a segurança dos jovens usuários na plataforma, que passará a limitar buscas por palavras e interações com conteúdos considerados maduros.
Regras mais rígidas para contas de menores de 18 anos
A partir da semana passada, adolescentes abaixo de 18 anos serão automaticamente colocados nas configurações atualizadas, sem possibilidade de mudança sem autorização dos pais. Segundo a rede social, essas restrições impedem a pesquisa por palavras de conteúdo sensível, bem como que seguidores ou mensagens enviadas por contas com temas maduros sejam acessadas por esses usuários.
Segundo uma postagem oficial, a nova política busca evitar que adolescentes tenham contato com material considerada inadequado, semelhante ao que veriam em um filme PG-13. “São medidas importantes para proteger o público mais jovem”, afirmou um porta-voz do Instagram. No entanto, especialistas publicamente destacam que a dinâmica de interação nas redes sociais traz riscos adicionais que as restrições por si só não conseguem abarcar completamente.
Perspectivas de especialistas e reflexões éticas
Dom Michael Baggot, docente de bioética na Universidade Pontifícia Regina Apostolorum, em Roma, destacou que “qualquer esforço que ajude os pais a proteger seus filhos é positivo”, mas alertou para o desafio de limitar também comportamentos dinâmicos e variantes da relação digital, como cyberbullying e predadores virtuais. Em entrevista ao programa “EWTN News Nightly”, o professor ressaltou que “relações alimentadas por inteligência artificial superam o controle de rótulos e categorias fixas”.
Ele também reforçou a importância de uma vigilância constante por parte dos responsáveis, além da necessidade de legislações que responsabilizem plataformas por comportamentos exploratórios ou técnicas de design que reforçam o vício, por exemplo. “O risco de manipulação e dependência é elevado e precisa de atenção especial”, completou.
Uso de inteligência artificial e limites na plataforma
Com a recente implementação de chatbots alimentados por inteligência artificial no Instagram, a plataforma reforçou a prevenção contra respostas inadequadas por parte dessas ferramentas, garantindo que elas não emitam respostas que extrapolem o limite PG-13. Segundo o Instagram, AIs devem evitar respostas que possam parecer fora de contexto ou inadequadas para adolescentes, buscando maior controle sobre o conteúdo gerado por máquinas.
Para Baggot, “a presença da IA nas redes sociais deve ser conduzida com extrema vigilância e discernimento crítico”, porque “essas ferramentas podem tanto auxiliar na pesquisa quanto promover relacionamentos tóxicos, se mal reguladas.” Ele sugere que os responsáveis se distanciem de uma compreensão passiva dessas tecnologias, promovendo uma leitura mais consciente dos vínculos digitais.
A importância de uma abordagem equilibrada
Na opinião do especialista, o combate à exposição de adolescentes ao conteúdo inadequado também passa por uma reflexão sobre a necessidade de promover amizades saudáveis, fortalecer vínculos familiares e comunitários, e evitar que as plataformas substituam ou prejudiquem a interação presencial. “Precisamos revalorizar a troca interpessoal e ficar atentos ao risco de que o mundo digital substitua as relações humanas autênticas”, afirmou.
Ao mesmo tempo, a plataforma vem respondendo às demandas de pais e responsáveis, incluindo configurações adicionais de limitação, e reforçando a importância do papel parental na mediação do uso de redes sociais pelos jovens. “Não podemos colocar uma responsabilidade excessiva sobre os ombros dos pais, pois o problema é mais amplo e exige ações em várias frentes”, concluiu Baggot.
Para mais informações, veja o vídeo completo do “EWTN News Nightly” também disponível no YouTube.
