Brasil, 21 de outubro de 2025
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Imaflora lança sistema de certificação de carne livre de desmatamento

Sistema de certificação Beef on Track (BoT) é o primeiro no mundo a garantir carne sem desmatamento, apoiado pelo mercado e países importadores

O Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora) lançou nesta terça-feira (22) o sistema de certificação Beef on Track (BoT), o primeiro do mundo a certificar carne livre de desmatamento. A iniciativa visa reduzir as emissões de gases de efeito estufa provenientes do setor agropecuário, responsável por 70% dessas emissões devido ao desmatamento ilegal, segundo dados do Ministério do Meio Ambiente.

Certificação voluntária com forte impulso de mercado

A certificação é voluntária, com grande expectativa de adesão diante da pressão de mercados internacionais, especialmente União Europeia, Reino Unido e China. Marina Piatto, diretora-executiva do Imaflora, explicou que 65% do gado abatido na Amazônia já possui monitoramento e rastreabilidade e, por isso, pode receber o selo BoT. No Cerrado, esse percentual é de pouco mais de um terço.

Quem audita e como funciona o processo

As auditorias serão realizadas pelas mesmas empresas que atualmente certificam a carne pelo TAC, o programa Boi na Linha ou o Protocolo do Cerrado. Segundo Marina Piatto, o Imaflora não realizará auditorias, mas treinamentos às certificadoras já existentes. Os frigoríficos monitoram seus fornecedores, de modo que não há necessidade de auditar diretamente as fazendas, uma vez que esses processos já incluem mecanismos geoespaciais, documentação e performance de 95% nas avaliações anteriores. Assim, não haverá custo adicional para os frigoríficos.

Potencial de certificação na carne brasileira

Estima-se que atualmente 65% do abate na Amazônia seja passível de certificação BoT, representando cerca de 7,8 milhões de cabeças de gado anuais na região. No Cerrado, o selo poderia ser aplicado aproximadamente a 36% do volume abatido, e em outros biomas, a 39%.

Pressão do mercado e critérios do selo

Para impulsionar a adesão, a principal força deve vir do mercado, com exigências como a não comercialização de carne com desmatamento, trabalho escravo e alto volume de floresta. O selo tem quatro níveis: bronze, prata, ouro e platinum, que aumentam a rastreabilidade, abrangendo desde fornecedores diretos até indiretos, incluindo o volume de floresta na propriedade e o cumprimento do Código Florestal.

Impacto na redução de emissões e sustentabilidade

A certificação ajuda a diminuir as emissões por reduzir o desmatamento ilegal e o abate precoce de gado, que contribuem para a emissão de metano. Além disso, a exigência de abate com até 30 meses de idade, menor que a média brasileira, também favorece a redução de gases. O selo se Alinha às metas do Acordo de Paris para a diminuição de emissões.

Contribuição com o mercado chinês e metas futuras

O mercado chinês, que responde por 50% das exportações brasileiras de carne, compromete-se a comprar, até junho de 2026, 50 mil toneladas de carne certificada com o selo BoT — o que representa cerca de 4% das importações anuais da China. Marina Piatto destacou que essa iniciativa é um sinal forte para o mercado brasileiro e para o Brasil entrar na tendência global de sustentabilidade.

Guia de níveis do selo BoT

  • BoT Bronze: fornecedores diretos livres de desmatamento ilegal e trabalho escravo, produção em terras públicas;
  • BoT Prata: livres de desmatamento legal ou ilegal, trabalho escravo e produção em terras públicas;
  • BoT Ouro: fornecedores diretos e indiretos livres dessas condições, incluindo critérios do Código Florestal;
  • BoT Platinum: máxima abrangência, sem desmatamento ilegal ou legal, trabalho escravo, com desmatamento zero.

Segundo Marina Piatto, a iniciativa é uma medida para frear o avanço do desmatamento e contribuir para o cumprimento das metas do Acordo de Paris de redução de emissões, além de estimular a adoção de práticas mais sustentáveis na atividade.

Fonte: O Globo

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