O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quarta-feira (23) que a taxa de juros no Brasil está restritiva demais diante das condições atuais de inflação, desaceleração de alimentos e trajetória de preços. Ele destacou que, apesar da autonomia do Banco Central, opiniões sobre a política monetária são legítimas e fazem parte do debate econômico.
Opiniões pessoais não invalidam a institucionalidade
Haddad reforçou que há diferentes visões entre economistas sobre o nível adequado da taxa de juros, e que cada um tem o direito de opinar sem que isso seja interpretado como uma desrespeito à institucionalidade do Banco Central. “Emitir opinião não é pecado. Nós temos a liberdade de expressar o que pensamos”, afirmou.
Segundo o ministro, a inflação brasileira já apresenta sinais de melhora, com projeções do mercado indicando uma taxa abaixo de 4% em 2027. Ele também concordou com o que apontam análises do Fundo Monetário Internacional (FMI), que classifica o Banco Central do Brasil como uma das instituições mais “hawkish”, ou seja, agressivas na política de juros, do mundo.
Contexto da taxa de juros e o equilíbrio necessário
Haddad explicou que a atual política de juros, que ultrapassa os 20% reais, reflete a tentativa de controle da inflação, mas também gera um impacto forte na economia. “Estamos em uma situação delicada, com uma inflação próxima ao limite superior do regime de metas, e precisamos agir com responsabilidade”, disse.
Ele ressaltou que, apesar de sua opinião, há um respeito institucional pela atuação do Banco Central, criado para garantir a estabilidade econômica. “A opinião de um ministro ou de um economista não deve ser confundida com críticas à estrutura do Banco Central”, completou.
O debate sobre o papel do mercado e a autonomia do Banco Central
Para Haddad, o debate sobre a política monetária é fundamental e faz parte do funcionamento do mercado. Ele afirmou que opiniões são emitidas diariamente pelo mercado financeiro, pelos analistas e pelos responsáveis pela formulação de políticas públicas, e isso não diminui a credibilidade do Banco Central.
“O importante é que o Banco Central mantenha sua autonomia, mas também que haja o espaço para o diálogo e para opiniões fundamentadas”, concluiu o ministro.
Mais detalhes podem ser conferidos na matéria completa no O Globo.