O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) foi nomeado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nesta segunda-feira como o novo ministro da Secretaria-Geral da Presidência. Conhecido por sua longa trajetória no ativismo social, Boulos tem como missão aproximar os movimentos sociais do governo, especialmente em um contexto que visa as eleições de 2026. Sua indicação, no entanto, provocou reações adversas entre parlamentares da oposição, que criticaram sua história no Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e o acusaram de ser um “rei das invasões”.
Boulos e seu papel na política brasileira
Guilherme Boulos, que se destacou na luta por moradia e justiça social, agora enfrenta o desafio de canalizar essas experiências em uma função política de alta relevância. Com mais de duas décadas de militância, sua trajetória frequentemente serve como crítica por parte da oposição. A nomeação de Boulos foi recebida com ironias nas redes sociais, com parlamentares ressaltando sua história no MTST, onde foi preso durante manifestações por melhores condições de moradia.
Um dos primeiros a se posicionar contra a nomeação foi o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG). Ele compartilhou uma foto de Boulos durante uma manifestação em 2017, onde o novo ministro foi detido pela Polícia Militar de São Paulo, e comentou: “Que trajetória”. Essa abordagem destaca não apenas a história de Boulos, mas também o que seus críticos consideram como inadequado para ocupar uma posição de destaque no governo.
Reações da oposição
A crítica à nomeação de Boulos foi intensa. O deputado Kim Kataguiri (União-SP) insinuou que a escolha de Lula seria “ótima para a direita”, prevendo que Boulos seria um “péssimo ministro”, assim como fora na Câmara dos Deputados. Kataguiri expressou que a nomeação retira um concorrente em potencial das próximas eleições, sugerindo que Lula fez um “favor” à direita ao indicar Boulos.
Paralelamente, o ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles (Novo-SP) abordou a questão dos atos golpistas ocorridos em janeiro de 2023, fazendo comparações duras entre esses eventos e a nomeação de Boulos. Salles não hesitou em desmerecer o novo ministro, referindo-se ao “rei das invasões” e criticando a maneira como sua história virou parte dos discursos políticos contemporâneos.
Apoio da esquerda e perspectiva de diálogo
Por outro lado, a nomeação de Boulos foi respaldada por figuras da esquerda, como a deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP), que afirmou que Boulos “está pronto para dialogar com os verdadeiros anseios da população brasileira”. Hilton ainda declarou que a indicação é “muito mais do que merecida” e se disse ansiosa para as discussões que podem surgir no novo ministério.
A ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara (PSOL-SP), também ficou ao lado de Boulos, destacando sua experiência e o trabalho que ele desempenhará para fortalecer as relações entre o governo e a sociedade civil. O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), completou afirmando que Boulos tem como objetivo “fortalecer o diálogo com a sociedade” na construção de um “Brasil mais justo e democrático”.
Desafios à frente
Com um ambiente político polarizado, Boulos terá um papel crucial na intermediação entre o governo e os movimentos sociais. A expectativa é que, através de sua história e experiência, ele possa criar pontes de diálogo que contribuam para políticas públicas inclusivas. A reação contrária da oposição evidencia o quanto sua nomeação é polêmica e como as divisões na política brasileira permanecem tensas.
O novo ministro agora inicia um novo capítulo em sua trajetória, onde suas ações e decisões terão grande repercussão no cenário político e social do Brasil nos próximos anos. Em meio a elogios e críticas, Boulos entra na administração pública com a missão de provar que políticas sociais eficazes são não apenas necessárias, mas também viáveis.
Agora, resta aguardar como Boulos conduzirá sua nova posição e se conseguirá transformar a desconfiança em diálogo. O país observa de perto todos esses movimentos, enquanto o político se apresenta como uma figura central nas discussões sobre moradia e justiça social em um Brasil que ainda busca caminhos para a inclusão e a equidade.