Na tarde desta segunda-feira, 20 de outubro, a comunidade de Venda Nova, em Belo Horizonte (MG), foi marcada por um ato violento que resultou na morte da ativista trans Christina Maciel Oliveira, de 45 anos. O crime, que aconteceu em via pública, culminou na prisão do ex-companheiro da vítima, Matheus Henrique Santos Rodrigues, de 24 anos, que confessou o ato à Polícia Militar (PM).
Desentendimento fatal
De acordo com informações preliminares do boletim de ocorrência, o desentendimento entre os dois começou com uma discussão sobre o fim do relacionamento. Testemunhas relataram que a briga escalou rapidamente, e Matheus passou a agredir Christina com socos. Após a ativista cair ao chão, o suspeito continuou as agressões, golpeando sua cabeça com vários chutes.
As medidas de emergência foram acionadas com a chegada do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), mas infelizmente, Christina não resistiu aos ferimentos e faleceu no local. O autor do crime se manteve na cena até a chegada da polícia, que o prendeu em flagrante. A Polícia Civil agora investiga o caso como feminicídio.
Histórico do suspeito e contexto social
Matheus Henrique Santos Rodrigues tem um extenso histórico criminal com passagens por diversos crimes, incluindo roubo, furto e ameaça. Segundo informações da PM, ele alegou que não aceitava o término do relacionamento e havia se sentido desprezado quando Christina pediu que ele deixasse a casa onde moravam juntos.
Além de ser agredida de forma brutal, Christina Maciel Oliveira era uma figura respeitada na comunidade, reconhecida por seu trabalho como mobilizadora social. Ela se dedicou a projetos voltados para a inclusão de pessoas trans e travestis, promovendo o cuidado e o apoio a estas comunidades. A sua atuação foi destacada por diversas organizações sociais e, mais recentemente, por figuras públicas que lamentaram sua morte.
Repercussão e luto na comunidade
A morte de Christina gerou uma onda de indignação nas redes sociais e entre ativistas de direitos humanos. A deputada federal Duda Salabert (PDT-MG), amiga e colega de luta de Christina, se manifestou sobre o trágico acontecimento. Em suas redes sociais, Duda expressou a dor e o luto pela perda de uma mulher que dedicou sua vida à luta por direitos e inclusão: “Ontem, após eu publicar um vídeo de uma trans assassinada em BH, descubro tragicamente que essa trans era Cris. Transfeminicídio”, escreveu.
O contexto de violência contra a população LGBTQIA+ no Brasil é alarmante, com um número crescente de homicídios, especialmente de mulheres trans. A brutalidade do crime contra Christina ressalta não apenas a necessidade de políticas de proteção, mas também a urgência de um debate social mais amplo sobre a aceitação e o respeito à diversidade.
Funeral e homenagens
O corpo de Christina foi sepultado nesta terça-feira, 21 de outubro, no Cemitério Belo Vale, localizado em Santa Luzia, na Grande Belo Horizonte. O luto na comunidade é sentido de forma profunda, refletindo a perda de uma ativista que se tornou um símbolo de resistência e luta pelos direitos humanos.
Os eventos recentes nos lembram que a violência de gênero e a discriminação ainda são uma realidade enfrentada por muitas pessoas no Brasil. O caso de Christina Maciel Oliveira é mais um chamado para que todos se juntem na luta contra o feminicídio e a violência direcionada a grupos marginalizados. É essencial que a sociedade se mobilize, não apenas para pedir justiça em casos como o dela, mas também para promover mudanças sociais significativas que garantam segurança e dignidade a todos.