Brasil, 21 de outubro de 2025
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Como Trump está mudando o teste de cidadania dos EUA

Alterações no exame de civismo para imigrantes residentes nos EUA geram debates sobre sua complexidade e impacto social

A partir de segunda-feira, residentes permanentes que solicitarem a cidadania americana enfrentarão uma versão revisada do teste de civismo, considerada por críticos mais complexa e subjetiva. A mudança faz parte de uma iniciativa da administração de Joe Biden, mas remete às políticas adotadas no governo de Donald Trump, que buscou endurecer critérios de imigração.

Nova etapa na naturalização

Segundo o porta-voz do Serviço de Cidadania e Imigração dos EUA (USCIS), Matthew Tragesser, a reformulação visa garantir que quem se tornar cidadão realmente compreenda o funcionamento do governo e a história do país. “Ao assegurar que apenas aqueles que atendem a todos os requisitos de elegibilidade, incluindo habilidades em inglês e conhecimentos civis, possam se naturalizar, buscamos fortalecer a integração e a contribuição dos novos cidadãos à grandeza americana”, afirmou Tragesser, em comunicado de setembro.

Críticas e preocupações

O diretor do USCIS, Joseph Edlow, nomeado em julho, declarou que o antigo teste era “muito fácil”. “Precisamos torná-lo um pouco mais desafiador”, afirmou. “Queremos que as pessoas compreendam realmente o que significa ser cidadão dos EUA.”

Por sua vez, o professor de história Stephen Mihm, da Universidade da Geórgia, argumenta que o exame atualizado continuará “sem sentido” como medida de “americanidade”. Uma pesquisa de 2018 revelou que apenas uma em três pessoas nos EUA conseguiria passar na versão anterior do teste, reforçando a sua insuficiência como critério de admissão.

Impacto social e questionamentos

Organizações de direitos humanos têm pedido que o USCIS suspenda a implementação das mudanças, alegando que elas criam desigualdades para grupos com baixa escolaridade, recursos limitados e para idosos que podem achar o exame mais difícil de navegar. Em uma carta de 10 de outubro, essas entidades argumentaram que as mudanças “aumentam as desigualdades na avaliação, tornando mais difícil para certos grupos terem sucesso e prejudicando o princípio de justiça na naturalização”.

Defesas e contexto político

Edlow justificou as alterações, dizendo que o novo teste contém perguntas “provocativas”, que vão além de questões simples como “nome duas celebrações nacionais” ou “uma das três ramificações do governo”. “Queremos perguntas que exijam mais reflexão”, afirmou.

Para Mihm, a atualização do exame faz parte de um esforço maior da administração Trump, que, na sua avaliação, busca dificultar a entrada e permanência de imigrantes nos EUA. Desde seu primeiro mandato, a gestão Trump tentou reescrever conceitos como a cidadania por direito de nascimento, ameaçou desnaturalizar cidadania adquirida e deu início a uma série de ações restritivas, incluindo a revisão de vistos e a avaliação de “atitudes antiamericanas” em processos de cidadania.

Perspectivas futuras

Enquanto o governo de Biden busca balancear a necessidade de critérios mais rigorosos com a inclusão social, a questão do teste de cidadania permanece central na discussão sobre a imigração nos EUA. Os próximos meses devem revelar se as mudanças realmente reforçarão o processo de integração ou se aprofundarão as desigualdades no acesso à cidadania americana.

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