A Coca-Cola HBC AG anunciou nesta terça-feira a compra de 75% da Coca-Cola Beverages Africa (CCBA) por cerca de US$ 2,6 bilhões, em uma transação que fortalecerá sua posição no continente africano. A operação, que inclui uma opção de adquirir o restante da empresa dentro de seis anos, marca um passo importante na estratégia da gigante americana de se desengajar do negócio de engarrafamento.
Estratégia de desinvestimento e expansão na África
A aquisição expande significativamente a presença da Coca-Cola HBC na África, uma região com crescimento rápido e potencial de longo prazo. Segundo Duncan Fox, analista da Bloomberg Intelligence, o negócio aumenta a cobertura de mais da metade da população africana, consolidando a estratégia de expandir operações na região.
Após o negócio, as ações da Coca-Cola HBC caíram até 4,7% em Londres, após a empresa cancelar um programa de recompra de ações para financiar a operação. A compra faz parte do movimento da Coca-Cola de diversificar suas fontes de receita, reduzindo sua dependência do negócio de engarrafamento, que representava 52% da receita há quase uma década e deve cair para cerca de 5% após a venda na África.
Envolvimento familiar e detalhes da transação
A família Gutsche, proprietária da Coca-Cola Beverages Africa, receberá pagamento em dinheiro e ações, garantindo uma participação de 5,5% na Coca-Cola HBC. Philipp Hugo Gutsche, de 84 anos, que faz parte do conselho da CCBA, afirmou que continuará envolvida por meio de sua holding. Segundo dados da Bloomberg, a família controla uma participaação de mais de US$ 4 bilhões na Coca-Cola HBC.
O acordo inclui uma opção para a Coca-Cola HBC adquirir o restante da CCBA dentro de seis anos, fortalecendo a estratégia de consolidar sua presença na África e aproveitando o potencial de crescimento do mercado local.
Operações na África e perspectivas futuras
A Coca-Cola vem investindo na diversificação de seus produtos para compensar a queda na demanda por refrigerantes carbonatados. Desde 2024, a empresa tem explorado novas linhas de negócios, incluindo produtos com açúcar de cana nos EUA e marcas de leite turbinado, como a Fairlife, que lidera o crescimento nos Estados Unidos.
Segundo Anastasis Stamoulis, diretor financeiro da Coca-Cola HBC, a empresa pretende aproveitar as oportunidades na África e planeja uma listagem secundária na Bolsa de Valores de Joanesburgo, considerada um voto de confiança no mercado local. “É um voto de confiança na África do Sul e no continente africano”, afirmou.
O negócio também aprofundará a presença da Coca-Cola na África, cobrindo mais da metade da população do continente, com investimentos adicionais em 14 mercados africanos. A aquisição é vista como uma estratégia de longo prazo para consolidar posições em regiões de rápido crescimento populacional e urbanização.
Desinvestimento e foco estratégico
Após a venda na África, a Coca-Cola planeja seguir seu caminho de foco em operações de licenciamento e distribuição, deixando de investir diretamente em engarrafamento em muitos mercados. Essa estratégia visa reduzir custos e maximizar lucros, apoiada pelo modelo de terceirização do engarrafamento, no qual empresas independentes produzem, distribuem e promovem as bebidas sob licença da Coca-Cola.
Essa mudança na estratégia também reflete o foco da empresa em seu core de negócios: a produção de concentrados e a gestão de marcas globais, enquanto suas parceiras continuam a operar as fábricas locais.
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