O Partido Liberal (PL) está intensificando suas estratégias no Congresso para tentar avançar com um projeto que propõe a redução das penas para os envolvidos nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro. A movimentação tem como objetivo, ao mesmo tempo, provocar um desgaste na gestão do presidente Lula em votações cruciais para o governo. Seria essa uma tentativa do ex-presidente Jair Bolsonaro, que se encontra em prisão domiciliar, de restabelecer sua força política e mobilizar suas bases? Esta questão paira sobre o cenário nacional após a reunião realizada na última segunda-feira, que contou com a participação do presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e do ex-presidente.
Reunião estratégica entre PL e Bolsonaro
Valdemar Costa Neto chegou ao residencial de Bolsonaro em Brasília por volta das 14h e deixou o local às 17h30, depois de uma reunião classificada por aliados como “longa e política”. As conversas entre os dois se concentraram na necessidade de uma postura mais agressiva por parte do PL no Senado, sem, no entanto, romper relações com o Centrão. O ex-presidente enfatizou a importância de proteções ao presidente da Câmara, Hugo Motta, que tem demonstrado vontade de dialogar com a oposição.
Além disso, a avaliação dos presentes era de que a proposta de dosimetria, atualmente sob a relatoria de Paulinho da Força (Solidariedade-SP), está estagnada devido à falta de mobilização adequada da cúpula do Congresso. O ex-presidente e Valdemar concordaram que este projeto deve ser revisto e propagado como uma forma de revitalizar as bases bolsonaristas.
Pressões sobre o governo Lula
Durante as discussões, Bolsonaro solicitou que o PL endureça a oposição ao governo Lula, principalmente em questões que consideram prioritárias, como a derrubada de vetos ao licenciamento ambiental e a recomposição orçamentária relacionada à medida provisória que discute a alternativa ao Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Em um ano eleitoral, agir contra essas medidas permitiria ao PL explorar uma narrativa de aumento de gastos e da “agenda verde”, insatisfazendo setores como os ruralistas.
Segundo fontes próximas ao encontro, a estratégia envolve também considerar o uso da obstrução nas votações como ferramenta de pressão, caso as propostas continuem paralisadas. Valdemar comprometeu-se a mobilizar a bancada do PL no Senado, contando com o apoio de figuras chave, como Rogério Marinho, que coordena a bancada do PL na Casa.
Revisão do mapa eleitoral para 2026
A reunião também teve um foco estratégico nas eleições de 2026. Valdemar trouxe à tona dados sobre potenciais alianças regionais e nomes competitivos que podem ser explorados em estados cruciais. O ex-presidente Paulo Bolsonaro destacou a necessidade de priorizar palanques ideológicos em estados como Santa Catarina, Distrito Federal e Rio de Janeiro, enquanto em outros estados (Bahia, Pará e Ceará), o partido deverá buscar parcerias pragmáticas, como com o Republicanos e o Progressistas (PP).
Indicação de Jorge Messias ao STF
Outro ponto de relevância discutido foi a iminente indicação do advogado-geral da União, Jorge Messias, ao Supremo Tribunal Federal (STF). Os participantes da reunião consideraram que o PL deve posicionar-se de maneira proativa durante a sabatina no Senado, explorando passagens contraditórias do passado de Messias, especialmente o episódio que remete à sua atuação na Casa Civil durante o governo de Dilma Rousseff. Os dois líderes concordaram que essa é uma oportunidade valiosa para enfraquecer a posição do governo.
A agenda política está claramente marcada por uma intensificação das disputas, especialmente em um contexto onde a polarização continua a se agravar. Resta saber como a pressão sobre o governo Lula se desdobrará e quais serão as respostas vindas do Planalto frente a essa nova ofensiva do PL e seus aliados.
Com a aproximação do ano eleitoral, as articulações entre deputados e senadores tendem a se intensificar, assim como as discussões sobre os principais diretrizes orçamentárias do país. Para o PL, o jogo político será fundamental para suas estratégias e planos de ação, tanto na esfera legislativa quanto nas urnas.
