Brasil, 21 de outubro de 2025
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A cidade e o bem-estar: desafios e possibilidades para urbanidades mais humanas

Repensar o espaço urbano é fundamental para criar cidades sustentáveis, seguras e inclusivas, priorizando o bem-estar de todos os moradores.

As cidades do futuro devem ser sustentáveis, seguras, inclusivas e promover bem-estar para seus habitantes. Esse é o conceito que propõe uma análise aprofundada sobre os desafios atuais dos ambientes urbanos e as possibilidades de desenvolvimento mais humanizado.

O que define uma cidade de bem-estar?

Para Sophia Motta, arquiteta e urbanista, o ideal é que as pessoas tenham acesso a serviços essenciais, como farmácias, padarias e mercados, a uma distância de 400 a 500 metros, percorridos a pé. Esse conceito está ligado à cidade de 15 minutos, que prioriza a acessibilidade e a convivência.

Gabriela Tenorio, professora de urbanismo na Universidade de Brasília, destaca a importância de uma cidade diversa e democrática, com espaços que atendam às diferentes configurações e necessidades da população.

Arquitetura hostil e exclusão social

Quem é bem-vindo na cidade?

Espaços urbanos muitas vezes refletem exclusão e hostilidade, como bancos públicos ausentes ou mal planejados, que dificultam o uso por todas as pessoas. A arquitetura hostil, como muros altos, cercas elétricas e vegetação espinhosa, reforça a segregação e o isolamento de grupos vulneráveis, como moradores de rua.

Segundo Caio Vassão, a percepção de segurança muitas vezes é confundida com atitudes de isolamento que, na prática, fragilizam o espaço público. Gabriela Tenorio reforça: “A permeabilidade visual e acessibilidade são essenciais para que o espaço seja convidativo para todos.”

Construindo comunidades resilientas

Um bairro mais seguro é aquele onde há convivência marcada por olhares, trocas cotidianas e ocupação de espaços comuns. No entanto, condomínios verticais, com sua individualidade e dependência de carros, dificultam essa conexão comunitária.

Rafael Drumond reforça que a segurança não vem do isolamento, mas do fortalecimento das relações comunitárias. “Mais muros não resolvem os problemas. É preciso promover integração e fortalecimento social.”

Mobilidade e o desafio do carro na cidade

As cidades brasileiras ainda enfrentam dificuldades em reduzir a dependência do automóvel particular. Em São Paulo, 36,1% dos deslocamentos diários são feitos por veículos privados, o que aumenta congestionamentos e demanda por estacionamento.

Segundo Rafael Drumond, investir em transporte público de qualidade e calçadas acessíveis é fundamental. Gabriela Tenorio afirma que calçadas bem planejadas podem reduzir custos e melhorar a experiência urbana, tornando a cidade mais acessível e acolhedora.

Iniciativas urbanas e o papel do setor privado

Programas de revitalização, parcerias público-privadas e projetos de retrofit representam estratégias para transformar centros históricos e promover urbanismo sustentável. Na cidade de São Paulo, R$ 200 milhões foram destinados a esses projetos, promovendo a ocupação de edifícios antigos.

Essas ações são essenciais, mas ainda há um longo caminho a percorrer para garantir uma cidade realmente inclusiva e que priorize o bem-estar de seus moradores.

O impacto do turismo e os riscos da hostilidade urbana

Por outro lado, o turismo massificado gera impacto ambiental, aumento de emissões de carbono e problemas de convivência. Em destinos como Barcelona e Santorini, o excesso de visitantes tem provocado reações hostis e ações repressivas da administração local.

Medidas para regular o turismo, como restrições de aluguéis temporários e controle de fluxos, buscam equilibrar o desenvolvimento econômico com a qualidade de vida local. Como destaca o estudo da ONG Amigos da Terra, a emissão de CO₂ por cruzeiros marítimos é oito vezes maior do que a de um carro no mesmo trajeto, evidenciando o impacto ambiental do setor.

Perspectivas para cidades mais humanas

Repensar a infraestrutura urbana, investir em espaços públicos de qualidade e promover a convivência comunitária são caminhos para cidades mais humanas e sustentáveis. Como destaca Carlos Moreno, a otimização do tempo de deslocamento e a acessibilidade são essenciais para garantir o direito à cidade para todos.

Ao adotar estratégias que priorizem o bem-estar coletivo, é possível transformar as cidades em ambientes de convivência, inclusão e qualidade de vida, afastando-se das tendências de segregação e hostilidade.

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