Venezuelanos presentes na canonização dos primeiros santos do país, José Gregorio Hernández e Mãe Carmen Rendiles Martínez, em Roma, enfrentaram tensões políticas e protestos que evidenciam o momento de conflito interno na Venezuela. A cerimônia, liderada pelo Papa Leo XIV no Vaticano, reuniu cerca de 70 mil fiéis no sábado (19), incluindo uma delegação governamental venezuelana liderada por Carmen Meléndez, prefeita de Caracas.
Conflitos e manifestações durante a celebração
Antes do evento, ativistas ligados à oposição, liderados por María Corina Machado, vencedora do Prêmio Nobel da Paz em 2025, promoveram protestos com cartazes e fotos de presos políticos na praça Piazza Venezia, próximo ao Vaticano, e na fila da cerimônia. As manifestações pediam a libertação de centenas de presos políticos sob o regime de Nicolás Maduro.
Críticos têm questionado a presença do governo venezuelano na residência papal, alegando que a participação busca projetar uma imagem de unidade e orgulho nacional sob um regime autoritário. No domingo (20), a mídia local também criticou a aparente tentativa do governo de utilizar o evento para reforçar sua legitimidade internacional.
Incidente na Universidade Lateran
No dia 17, uma confusão ocorreu durante um evento na Universidade Lateran em homenagem aos santos, envolvendo o jornalista venezuelano Edgar Beltrán e Ricardo Cisneros, empresário e membro da delegação oficial do governo Maduro. Segundo o The Pillar, Cisneros interrompeu uma entrevista de Beltrán com o secretário do Vaticano, acusando-o de politizar as canonizações.
Relevância internacional e críticas ao regime
As medidas repressivas e violações de direitos humanos na Venezuela permanecem na pauta internacional, especialmente após Maduro ser reeleito para seu terceiro mandato em eleições contestadas em janeiro de 2025. A ativista e líder opositora María Corina Machado recebeu o Nobel da Paz, em reconhecimento ao esforço pela transição democrática do país.
Durante uma missa na Basílica de São Pedro, na segunda-feira (20), o Secretário de Estado do Vaticano,Cardeal Pietro Parolin, afirmou que o país deve promover o respeito aos direitos humanos e criar espaços para o diálogo e a convivência democrática, ressaltando a necessidade de justiça, liberdade e verdade para alcançar a paz na Venezuela.