A Petrobras anunciou nesta segunda-feira (20) que obteve a licença de operação do Ibama para a perfuração de um poço exploratório na Bacia da Foz do Amazonas, localizada em águas profundas do Amapá. A operação, prevista para começar imediatamente, ocorre às vésperas da COP30, reforçando a pauta de exploração de petróleo na região amazônica brasileira. A perfuração deve durar cinco meses e visa avaliar a existência de petróleo e gás na área em escala econômica, sem produção nessa fase inicial.
Exploração na Margem Equatorial e impactos ambientais
A licença, após quase cinco anos de trâmite, foi concedida após rigoroso processo de licenciamento ambiental, incluindo estudos de impacto e audiências públicas. Segundo o Ibama, melhorias no projeto de operação foram feitas, especialmente na estrutura de resposta a emergências, devido a discussões com a Petrobras. Entre as medidas implementadas estão a construção de um Centro de Reabilitação e Despetrolização em Oiapoque (AP) e a inclusão de embarcações especializadas no atendimento à fauna oleada.
Ambientalistas alertam para os riscos de acidentes na região, que abriga os maiores manguezais do mundo e sistemas recifais raros encontrados na Amazônia. A bacia é uma das áreas de maior preocupação por seu ecossistema delicado, que poderia ser comprometido em caso de vazamento.
Contexto geopolítico e econômico
A região da Margem Equatorial ganhou destaque na exploração do petróleo posteriormente à descoberta de grandes reservas na Guiana, em 2015. Países como os Estados Unidos, por meio da Exxon, e a própria Petrobras, demonstraram forte interesse na área, com leilões de blocos na Bacia da Foz do Amazonas. Segundo a consultoria Wood Mackenzie, a produção de petróleo na região pode aumentar até cinco vezes na próxima década, impulsionada pelos recursos descobertos e pelo apetite de multinacionais.
Investimentos e desafios
O plano de investimentos da Petrobras para 2025-2029 reserva cerca de US$ 3 bilhões para a exploração na Margem Equatorial, incluindo a perfuração do poço recente autorizado. A empresa destacou o compromisso com operações seguras e responsáveis, ressaltando o padrão de sustentabilidade do petróleo brasileiro, com baixa pegada de carbono.
Entretanto, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, reforçou a importância estratégica da região para a soberania energética do Brasil, citando a responsabilidade de explorar recursos de forma ambientalmente responsável e segura.
Desafios e perspectivas
O processo de licenciamento, que passou por indeferimentos e intensas negociações, demonstrou o esforço do governo e da Petrobras em equilibrar desenvolvimento econômico e proteção ambiental. A licença, após sua emissão, foi vista como um passo importante para o crescimento do setor de petróleo e gás na região, além de um sinal de que a exploração deve avançar com altos padrões internacionais de segurança.
O prazo para o contrato da sonda termina amanhã (21), o que preocupa a Petrobras, que destacou a necessidade de iniciar a perfuração neste prazo para evitar que o processo seja iniciado do zero em uma futura licitação.
A exploração na Margem Equatorial será um teste de como o Brasil consegue compatibilizar desenvolvimento energético e preservação ambiental, com a atenção voltada à COP30, que reforça o debate global sobre mudanças climáticas e sustentabilidade.
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