O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) confirmou nesta segunda-feira (20) a nomeação do deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) como novo ministro da Secretaria-Geral da Presidência. A cerimônia ocorreu durante reunião no Palácio do Planalto, que durou aproximadamente uma hora e meia, e marca uma mudança na relação entre o governo e os movimentos sociais.
Boulos assume cargo de peso na relação com movimentos sociais
A escolha de Boulos busca fortalecer o diálogo com os movimentos sociais em um momento de preparação para as próximas eleições presidenciais de 2026. O novo ministro, conhecido por sua atuação na luta por moradia e reforma urbana, substitui o ex-deputado Márcio Macêdo (PT-SE), que ocupava o cargo desde o início do terceiro mandato de Lula, em janeiro de 2023.
“A nomeação reforça o compromisso do governo com a inclusão social e a relação com os movimentos sociais”, afirmou Lula ao anunciar a nomeação. A Secretaria-Geral é uma das cinco pastas que funcionam no Palácio do Planalto, facilitando o acesso direto ao presidente e possibilitando maior articulação política.
Perfil de Guilherme Boulos e expectativas para o ministério
Com 42 anos, Boulos é um dos nomes mais relevantes da esquerda brasileira, reconhecido por sua atuação no Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST). Formado em Filosofia, mestre em Psiquiatria, professor e psicanalista, ele foi candidato à Presidência da República em 2018 e às prefeituras de São Paulo em 2020 e 2024, sem sucesso em todas as ocasiões. Em 2022, obteve mais de 1 milhão de votos na disputa por uma cadeira na Câmara Federal, consolidando sua força eleitoral no estado.
Entre suas bandeiras políticas estão a reforma urbana, a ampliação de moradia popular e a defesa de direitos sociais. Analistas avaliam que sua presença no governo pode ampliar a representatividade do PSOL na gestão federal e contribuir para uma maior aproximação com setores progressistas em preparação para o pleito de 2026.
Histórico de Márcio Macêdo no cargo e suas realizações
Márcio Macêdo, ex-deputado federal, ocupou a Secretaria-Geral por quase três anos, desde janeiro de 2023. Durante sua gestão, atuou na articulação com movimentos sociais, promoveu eventos de destaque como o G20 Social no Rio de Janeiro e apoiou ações relacionadas à base do PT. Macêdo também foi uma figura importante na campanha de Lula em 2022, sendo responsável pelo tesoureiro da campanha presidencial.
Apesar de seu desempenho, Macêdo enfrentou críticas no ano passado, especialmente após declarações de Lula sobre o baixo comparecimento em evento do Dia do Trabalhador em São Paulo, organizado por centrais sindicais. Sua saída do ministério reflete a nova estratégia do governo de fortalecer alianças com organizações sociais e ampliar sua base de apoio.
Perspectivas para o futuro político e a relação com as eleições
A entrada de Boulos no Palácio do Planalto é vista por analistas como uma tentativa de ampliar a presença da esquerda alternativa no governo, além de sinalizar possíveis apoios na disputa pelo executivo federal em 2026. Sua influência na coordenação com movimentos sociais pode impactar a forma como o PT e aliados conduzirão suas estratégias eleitorais.
Segundo fontes oficiais, Boulos deve dedicar-se inicialmente às atividades de articulação social, podendo optar por abrir mão da reeleição como deputado para permanecer na estrutura ministerial durante o período eleitoral, uma vez que a legislação exige que ministros concorrentes ao cargo deixem as funções até março de 2026.
