Em meio a crescentes tensões entre os Estados Unidos e a Venezuela, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) utilizou a tribuna do Palácio Itamaraty, na manhã desta segunda-feira (20/10), para criticar as chamadas “intervenções estrangeiras” na América Latina e Caribe. A cerimônia tinha como objetivo a entrega das cartas credenciais de novos embaixadores, mas a declaração de Lula se destacou em um momento de acirramento das relações entre as nações.
Prioridade pela paz na América Latina
O chefe do executivo brasileiro enfatizou que a manutenção da paz na região é um compromisso eterno de seu governo. “Na América Latina e Caribe, também vivemos um momento de crescente polarização e instabilidade. Manter a região como zona de paz é a nossa prioridade. Somos um continente livre de armas de destruição em massa, sem conflitos étnicos ou religiosos. Intervenções estrangeiras podem causar danos maiores do que o que se pretende evitar”, destacou Lula, refletindo uma postura firme em defesa da soberania dos países latino-americanos.
As declarações do presidente ocorrem em um contexto específico, onde os Estados Unidos têm tomado decisões de maior interferência nas questões internas da Venezuela, sob o governo de Nicolás Maduro. Sob a administração de Donald Trump, as operações militares norte-americanas nas águas do Caribe foram ampliadas, e recentemente, um documento que autorizava a Agência Central de Inteligência (CIA) a realizar “operações secretas e letais” foi emitido, com o foco declarado em combater o narcotráfico na Venezuela.
Defesa da soberania venezuelana
Na última quinta-feira (16/10), Lula também manifestou sua defesa em favor da soberania venezuelana, afirmando que o Brasil nunca se tornará um país em situações similares à Venezuela. “Todo mundo diz que a gente vai transformar o Brasil na Venezuela, e o Brasil nunca vai ser a Venezuela, e a Venezuela nunca vai ser o Brasil, cada um será ele [próprio]. O que nós defendemos é que o povo venezuelano é dono do seu destino, e não é nenhum presidente de outro país que tem de dar palpite de como vai ser a Venezuela ou vai ser Cuba”, declarou o líder brasileiro, sem uma menção direta ao presidente Trump.
O discurso de Lula não se limitou a criticar intervenções externas, mas também abordou a importância do fortalecimento do multilateralismo e dos valores democráticos e dos direitos humanos, ressaltando que a cooperação internacional deve ser baseada no respeito e na autonomia dos países.
Novos embaixadores no Brasil
Além de suas declarações sobre política externa, a cerimônia contou com a entrega das credenciais de 28 novos embaixadores, o que representa um fortalecimento das relações diplomáticas do Brasil no cenário internacional. Os novos diplomatas, que atuarão no país, são provenientes de diversas nações, incluindo:
- El Salvador
- Albânia
- Camboja
- Tailândia
- Tanzânia
- Belarus
- Quênia
- Omã
- República Dominicana
- Burkina Faso
- Bangladesh
- Mauritânia
- Sudão
- Senegal
- Uruguai
- República Democrática do Congo
- Suíça
- Países Baixos
- Bélgica
- Emirados Árabes
- Irlanda
- Zâmbia
- Áustria
- Finlândia
- Malásia
- Gana
- Líbano
- Sri Lanka
Com as credenciais entregues, esses embaixadores terão a importante missão de representar seus países e fortalecer as relações bilaterais com o Brasil, promovendo o diálogo e a cooperação mútua.
Assim, o governo de Lula busca não apenas manter a paz na América Latina, mas também consolidar o Brasil como um ator respeitado e de influência no cenário internacional.
Essa postura reflete a visão de um Brasil que acredita na diplomacia e no diálogo como as ferramentas mais eficazes para a resolução de conflitos e a promoção da estabilidade regional.
Na busca por um futuro melhor para a América Latina, as palavras do presidente Lula ressoam como um apelo à reflexão e à união de todos os países da região.