A indústria brasileira encerrou o 3º trimestre de 2025 em um cenário preocupante, com a produção praticamente estacionada, estoques em alta e uma significativa redução no número de trabalhadores. Os dados, divulgados pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) nesta segunda-feira (20/10), acendem um alerta sobre a saúde do setor industrial no país.
Desempenho da produção e do emprego
Conforme a Sondagem Industrial, o índice de produção da CNI registrou 50,1 pontos em setembro, o que indica uma estabilidade em relação ao mês anterior. No entanto, o índice de emprego sofreu uma queda, alcançando 48,9 pontos. Esse número é alarmante e reflete a diminuição dos postos de trabalho dentro da indústria nacional.
Por outro lado, os estoques cresceram para 50,8 pontos, ultrapassando a linha de 50, que serve como referência para o acúmulo. Isso sugere que as fábricas estão acumulando mais produtos do que o planejado, o que pode ser interpretado como um sinal de que a demanda está mais fraca do que os empresários tinham esperado.
“O acúmulo de estoques indesejado ocorre mesmo com um freio na produção. É sinal de que a demanda veio mais fraca do que os empresários esperavam”, afirma Marcelo Azevedo, gerente de Análise Econômica da CNI.
Capacidade instalada e insatisfação no setor
A utilização da capacidade instalada da indústria permaneceu em torno de 70%, uma queda em relação aos 72% registrados no mesmo período de 2024. Além disso, a satisfação financeira das empresas e o acesso ao crédito continuam abaixo da marca dos 50 pontos, indicando uma insatisfação persistente no setor, mesmo com alguns sinais de melhoria.
Desafios enfrentados pelos industriais
Empresários destacam que enfrentam diversos fatores que pressionam a operação de suas empresas. Entre os principais desafios, estão:
- Carga tributária elevada: 37,8%;
- Demanda interna insuficiente: 28,8%;
- Altas taxas de juros: 27,3%;
- Custo de mão de obra qualificada: 22,9%;
- Concorrência desleal: 19,1%.
Expectativas para os próximos meses
Apesar do cenário desolador, há uma leve esperança no horizonte. A intenção de investimentos subiu para 54,8 pontos e a expectativa de demanda alcançou 52,5 pontos. Contudo, as previsões para as exportações ainda permanecem preocupantes, uma vez que o indicador atual está abaixo de 50, sugerindo uma queda contínua nas vendas externas.
Análise das exportações
Em relação ao mês de outubro, o índice de expectativa de quantidade exportada teve um leve aumento de 2 pontos, passando de 46,6 para 48,6 pontos. Embora tenha melhorado, o indicador continua abaixo dos 50 pontos, o que evidencia que as projeções para as exportações nos próximos seis meses ainda são desfavoráveis.
Os indicadores referentes ao número de empregados e à compra de matérias-primas também apresentaram recuos, com o primeiro registrando 49,3 pontos, o que sinaliza uma expectativa crescente de diminuição na quantidade de postos de trabalho disponíveis. O indicador de compra de matérias-primas encolheu para 51 pontos, mas ainda reflete uma expectativa de aquisição por parte das indústrias nos próximos meses.
Finalizando, a expectativa de demanda subiu ligeiramente para 52,5 pontos, com os empresários demonstrando uma visão otimista em relação à procura por bens industriais nos próximos seis meses, o que pode oferecer algum alívio em um contexto de estagnação geral.
Esses dados mostram a complexidade da situação econômica atual e a necessidade de medidas eficazes que promovam o crescimento e a recuperação do setor industrial brasileiro.
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