Brasil, 20 de outubro de 2025
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Fraudes no INSS: ex-conselheira aponta descaso ao alertar sobre irregularidades

A ex-integrante do CNPS, Tonia Galleti, denuncia esquema de fraudes no INSS e revela falta de ação de autoridades entre 2019 e 2023.

No centro de um escândalo que chacoalha as estruturas da previdência social no Brasil, a ex-integrante do Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS), Tonia Galleti, fez graves acusações em seu depoimento nesta segunda-feira (20/10). Galleti afirmou que, entre 2019 e 2023, tentou alertar várias instâncias sobre um esquema de fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), mas suas denúncias foram ignoradas.

Alerte e indiferença: o desabafo de Tonia Galleti

“Alertei em todos os lugares. Em todas as oportunidades. Podia ser em qualquer lugar, em reunião com presidente do INSS, em reunião com o Ministério do Trabalho, da Previdência. Eu dizia ‘olha, tem jabuti na árvore’”, declarou Galleti, imortalizando sua frustração com a indiferença que encontrou em autoridades, incluindo o ex-ministro da Previdência Social, Carlos Lupi (PDT). Ela negou proximidade com Lupi, que nunca levou suas denúncias adiante.

O escândalo do INSS veio à tona em reportagens do Metrópoles publicadas a partir de dezembro de 2023. As investigações trazem à luz a irregularidade nas associações de aposentados, cuja arrecadação com descontos de mensalidades disparou para R$ 2 bilhões em um ano. Simultaneamente, essas associações se viam atoladas em milhares de processos por fraudes de filiação de segurados.

Repercussão das denúncias e investigação policial

As denúncias de Galleti não só ecoaram, mas também instigaram ações concretas. As reportagens realizadas pelo Metrópoles levaram à abertura de um inquérito pela Polícia Federal (PF). Entre os materiais que alimentaram as investigações, 38 matérias do portal foram destacadas como fundamentais para a representação que originou a Operação Sem Desconto, desencadeada em 23 de abril, resultando na demissão do presidente do INSS e do ministro Carlos Lupi.

Como as fraudes foram descobertas?

A ex-conselheira elucidou seu papel na identificação dessas fraudes. Segundo ela, os problemas começaram a surgir quando sócios de diversas entidades começaram a relatar que estavam sendo abordados por outras associações. “Alguns iam usar farmácias e, ao chegarem lá, não eram mais sócios. Quando foram checar, descobriram que estavam associados a outra entidade. Muitos nem assinaram nada”, explicou.

Convocada por parlamentares do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi) pela CNPS, Galleti foi questionada sobre valores que ela e parentes receberam—R$ 20 milhões do Sindnapi. Tentando justificar, afirmou: “Vocês estão aqui me apertando. É que eu sou cascuda, eu dou conta do recado. Mas vocês estão matando o mensageiro, vocês tiram do cidadão a coragem de denunciar a corrupção.”

Ação da CPMI do INSS

A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS também está em funcionamento, apurando descontos indevidos sobre as contas de aposentados e pensionistas. Neste mesmo contexto, Felipe Macedo Gomes, ex-presidente da Associação dos Aposentados e Pensionistas Amar Brasil Clube de Benefícios (ABCB), deve prestar depoimento.

Este caso delicado revela a necessidade urgente de se reavaliarem os procedimentos de supervisão e os mecanismos de denúncia dentro do sistema previdenciário brasileiro. A luta contra a corrupção e a fraude merece mais atenção, e as vozes que se levantam como a de Tonia Galleti precisam ser ouvidas, não silenciadas.

O futuro da previdência social enfrenta desafios imensos, e a esperança recai sobre investigações sérias e a responsabilização dos envolvidos.

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