Brasil, 20 de outubro de 2025
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A batalha de La Plata: Grêmio e Estudiantes e um jogo histórico

Em uma partida marcada por violência e rivalidade, Grêmio empatou com Estudiantes na Libertadores de 1983.

No dia 8 de julho de 1983, um dos jogos mais emblemáticos da Copa Libertadores foi realizado no Estádio Jorge Luis Hirschi, na cidade de La Plata, Argentina. A partida entre Grêmio e Estudiantes foi muito além do futebol; tratou-se de um verdadeiro conflito, que ficou conhecido como a “Batalha de La Plata”. Neste jogo, o Grêmio enfrentou não apenas o adversário dentro de campo, mas também um ambiente hostil e violento que definiu a rivalidade entre Brasil e Argentina nas décadas de 1980.

O contexto do confronto

Em 1983, o Grêmio havia se classificado para a Libertadores após ser vice-campeão brasileiro em 1982, enquanto o Estudiantes, campeão do Campeonato Metropolitano Argentino, garantiu sua vaga na competição. Os dois times se encontraram na fase de grupos da Libertadores, onde o Grêmio venceu o Estudiantes em Porto Alegre por 2 a 1. No entanto, o que estava por vir na partida de volta seria muito mais intenso.

A competição, então, estava marcada não apenas pelo talento técnico, mas também por rivalidades acirradas e até por tensões políticas. A Argentina ainda vivia as cicatrizes da Guerra das Malvinas, que havia terminado em 1982. O ressentimento contra os britânicos era palpável e, indiretamente, isso elevou a rivalidade entre as nações vizinhas a níveis insuportáveis, refletindo-se nas arquibancadas e em campo.

A rivalidade em campo

A partida na Argentina começou já com tensões perceptíveis. No caminho até o estádio, o ônibus da delegação gremista foi atingido por pedras arremessadas pela torcida do Estudiantes, prenunciando o que estava por vir. Quando os jogadores entraram em campo, eles se depararam com um mar de hostilidade: gritos, cuspes e objetos projetados vieram de todas as direções.

Aos 32 minutos do primeiro tempo, o jogo tomou uma nova dimensão. Após uma falta, a situação escalou rapidamente com a expulsão de dois jogadores do Estudiantes e um tumulto que envolveu jogadores, árbitros e até jornalistas. A primeira etapa terminou com um gol do Grêmio, empatado logo em seguida pelo Estudiantes.

O segundo tempo: caos e emoção

O segundo tempo começou ainda mais caótico. O Grêmio inaugurou a etapa com um gol de César, seguido por uma sequência de expulsões no time argentino, que resultou em um total de quatro jogadores a menos na equipe do Estudiantes. No entanto, a história não terminou por aí. Em um lance confuso, o Estudiantes conseguiu empatar nos minutos finais, resultando em um 3 a 3 emocionante e surpreendente.

A intensidade e a ferocidade da partida refletiram-se não apenas no placar, mas nas emoções que transbordaram dentro e fora de campo. O clima de animosidade e a pressão tornaram-se uma experiência de vida ou morte para os jogadores, como destacou o técnico do Grêmio, Valdir Espinosa, em entrevistas posteriores.

Consequências e legado

Após o empate, o Grêmio conseguiu garantir sua classificação para a final da Libertadores, onde enfrentou o Peñarol, conquistando o título após empates e uma vitória decisiva. No final do ano, o time viajou a Tóquio para conquistar o Mundial Interclubes. Porém, o legado da Batalha de La Plata perdurou, não apenas como um jogo, mas como um episodio que definiu a rivalidade entre futebol e nacionalismo na América do Sul.

Em retrospectiva, a Batalha de La Plata é lembrada como um dos confrontos mais intensos da história do futebol, com um enredo que mescla rivalidades, política e a paixão fervorosa que acompanha o futebol das duas nações. Grêmio e Estudiantes não apenas duelaram dentro de campo, mas representaram os anseios, as perdas e a eterna competitividade entre o Brasil e a Argentina.

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