O encontro entre o chanceler Mauro Vieira e o secretário de Estado americano, Marco Rubio, realizado na última quinta-feira, gerou expectativas moderadas entre entidades do setor de mineração, empresários e especialistas ligados às tarifas e recursos estratégicos. O foco principal foi o potencial brasileiro em minerais considerados essenciais para a transição energética, como terras-raras, lítio e nióbio.
Diálogo sobre minerais críticos e estratégicos
Os Estados Unidos demonstraram interesse na garantia de fornecimento firme, se não preferencial, desses minerais, que têm grande importância na fabricação de baterias, turbinas eólicas e telas de LED. Segundo fontes próximas às negociações, as tarifas de exportação de minerais usados na transição energética, atualmente em média de 15%, continuam sendo um ponto de discussão.
Potencial brasileiro no cenário global
Apesar do interesse dos EUA, especialistas alertam que ainda faltam estudos que comprovem a viabilidade econômica das reservas brasileiras. O consultor Luís Madella destacou que, embora as reservas sejam relevantes, a ausência de dados precisos limita as negociações mais concretas, que poderiam incluir reduções tarifárias. “Hoje, esses estudos são feitos pelos próprios investidores”, explicou.
O Brasil é um importante fornecedor mundial de minérios, com China e EUA como seus maiores consumidores. Contudo, o interesse estadunidense por uma possível preferência na aquisição das terras-raras brasileiras é uma antiga reivindicação, que remonta à época de Donald Trump.
Desafios e oportunidades na pauta comercial
Para Leandro Barcelos, sócio da consultoria 7IBS, o Brasil cobra uma tarifa média de 15% sobre suas exportações de minerais utilizados na energia limpa. Essa tributação é vista como um obstáculo para ampliar a oferta desses recursos no mercado internacional.
Outro tema relevante foi o etanol brasileiro, que atualmente enfrenta tarifas de 2,5% nos EUA, enquanto o Brasil impõe alíquota de 18% sobre o produto americano. A discussão sobre essa questão é vista como uma possível moeda de troca nas negociações entre os dois países.
A resistência do setor de etanol
Indústrias brasileiras do setor de bioenergia, representadas pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), defendem que o etanol é um ativo estratégico de soberania nacional. Segundo o presidente da entidade, William Múrias, qualquer negociação que comprometa a produção deve levar em consideração os impactos econômicos, sociais e ambientais.
Sinais de alívio político e estratégias futuras
Apesar das tensões comerciais, pontos positivos vêm sendo sinalizados. José Velloso, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), destacou a participação de representantes do setor privado estadunidense na reunião de Marco Rubio, o que indica uma desaceleração na politização do tarifaço ao Brasil.
Além disso, o avanço nas negociações de setores como o de café e carne bovina reforça a intenção do Brasil de diversificar suas relações comerciais com os EUA. O setor de café, por exemplo, mantém interlocução com o governo Trump para reconhecer o café brasileiro como produto fundamental para a indústria americana, mesmo diante das sanções do ex-presidente Donald Trump ao Brasil, que impactaram os consumidores de Nova York.
Perspectivas futuras
Espera-se que, após a visita do presidente Lula aos EUA, os temas de minerais estratégicos, energia e produtos agrícolas continuem sendo prioridade nas tratativas bilaterais. O objetivo do Brasil é fortalecer sua posição no mercado global de recursos naturais, enquanto busca evitar embates políticos que possam prejudicar suas exportações.
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