Recentemente, muitos cidadãos dos Estados Unidos estão enfrentando um aumento significativo nos preços de produtos essenciais, uma situação que se intensificou após a implementação das tarifas econômicas anunciadas pelo ex-presidente Donald Trump. Histórias como a de Paige Harris, uma mãe de dois filhos, refletem a nova realidade que se tornou comum para muitos americanos. Harris, que trabalha como assistente de professores na Carolina do Norte, notou que o valor que gasta em mantimentos tem crescido constantemente, enquanto a variedade de itens que compra tem diminuído. “Comida como carne e até produtos básicos como fórmula para bebês estão se tornando inacessíveis para nós”, lamentou.
Impacto das tarifas no dia a dia
O impacto das tarifas, que supostamente visavam “rejuvenescer a manufatura americana”, se revela uma carga pesada para consumidores comuns. Um estudo recente da S&P Global mostrou que empresas americanas deverão pagar US$ 1,2 trilhões a mais em despesas até 2025, e cerca de dois terços desse custo — mais de US$ 900 bilhões — será repassado aos consumidores.
Exemplos de como isso afeta orçamentos familiares não faltam. Jean Meadows, uma aposentada de 74 anos, exprimiu sua frustração ao afirmar que os preços nos supermercados estão “excessivamente altos” e que ela agora se limita a compras em locais como o Costco, buscando economizar onde pode. “Acho que as lojas têm percebido isso; as pessoas estão com medo do que está por vir”, disse, referindo-se à crescente ansiedade econômica.
Desafios financeiros e compromissos
O aumento dos custos não afeta apenas itens alimentares. Myron Peeler, um cuidador de 70 anos, alertou sobre a dificuldade que enfrenta ao lidar com a inflação. “O pão que compro dobrou de preço em um ano, e nossa renda fixa não consegue acompanhar isso”, comentou. Para Peeler, a única coisa que traz conforto é que suas despesas com moradia e transporte estão quitadas.
Além disso, muitos americanos estão se adaptando a uma nova “normalidade”. Minnie, uma redatora de alimentos em Portland, Oregon, mencionou que agora evita compras de itens não essenciais, incluindo roupas e jantares fora de casa. “Tudo se tornou muito mais caro, e temos medo do que vem pela frente”, expressou Minnie, que costumava jantar fora semanalmente.
A escassez e as mudanças nas opções
Outra preocupação é a escassez de produtos. Natalie, uma semi-aposentada de New Hampshire, relatou que determinados alimentos básicos estão faltando nas prateleiras, uma reclamação que ecoa entre muitos consumidores. “Em vez de várias opções, agora só encontramos um ou dois produtos. As marcas reconhecidas estão sendo substituídas pelas marcas de loja”, comentou.
As consequências econômicas das tarifas de Trump têm se mostrado profundas e abrangentes. Com uma taxa de inflação nos EUA em torno de 2,9%, a comparação com os aumentos de preços dos produtos é alarmante. Richard Ulmer, um consumidor de 81 anos da Flórida, destacou que este ano tem sido o pior financeiramente, com aumentos constantes em praticamente todas as contas.
Perspectivas futuras e o que esperar
A presidente da Casa Branca, em recente entrevista, desconsiderou o impacto negativo das tarifas, insistindo que isso é essencial para fortalecer a economia americana e a fabricação local. Ao mesmo tempo, muitos consumidores relatam que os orçamentos estão estourando e que a busca por preços justos os obriga a visitar várias lojas para conseguir o que precisam.
Cassie, uma consultora de 25 anos, tem seguido um rígido orçamento de US$ 65 por semana para compras, mas desde que as tarifas começaram a entrar em vigor, ela se vê obrigada a percorrer lojas em diferentes cidades para encontrar melhores preços. “Uma simples ida ao supermercado se tornou uma verdadeira missão”, disse, enfatizando a dificuldade crescente em encontrar produtos como bananas devido à falta de estoque.
Com a incerteza econômica em alta, americanos de todas as idades parecem estar em um ciclo de adaptação constante, moldando sua forma de viver e consumir sob a pressão das tarifas — uma situação que desafia a promessa de um futuro econômico mais brilhante que muitos esperavam.
Assim, o impacto das tarifas não se limita apenas ao bolso, mas se estende à qualidade de vida dos cidadãos, que precisam reavaliar suas prioridades e hábitos de consumo no dia a dia.
