Em meio a uma controvérsia crescente, a nova série da Netflix, “Boots”, que aborda a vida de jovens militares gays durante a era da política “Don’t Ask, Don’t Tell”, encontrou um índice de audiência considerável desde seu lançamento. Contudo, a recepção não foi uniforme, especialmente por parte do Pentágono, que desferiu críticas contundentes à narrativa apresentada na série.
A crítica do Pentágono
Kingsley Wilson, secretário de imprensa do Pentágono, expressou sua desaprovação em uma declaração à Entertainment Weekly. Segundo ele, a série é uma tentativa de promover uma agenda ideológica que não se alinha aos valores e padrões da atual administração militar dos EUA. “Sob o comando do presidente Trump e do secretário [Pete] Hegseth, as Forças Armadas dos EUA estão restaurando o ethos guerreiro. Nossos padrões são uniformes e neutros em relação ao sexo, pois o peso de um fuzil ou de um ser humano não se importa se você é homem, mulher, gay ou hétero”, disse Wilson.
Um olhar sobre a série
“Boots” conta a história de Cameron Cope, um adolescente gay que se alista no Corpo de Fuzileiros Navais americano junto com seu melhor amigo, Ray McAffey. A trama se desenrola em um contexto histórico repleto de restrições relacionadas à sexualidade nas Forças Armadas. A série promete explorar não apenas os desafios do treinamento militar, mas também as dificuldades pessoais enfrentadas por aqueles que vivem a pressão de se manterem em segredo sobre sua orientação sexual.
Padrões inalteráveis do Pentágono
Wilson reiterou que o Pentágono continuará mantendo seus padrões, apesar da representação que “Boots” faz da vida militar. Ele afirmou que não se comprometerão para atender a uma agenda ideológica, fazendo um paralelo com a Netflix, que, segundo ele, “produz lixo woke” para seus espectadores. “Nós não vamos comprometer nossos padrões para satisfazer uma agenda ideológica, ao contrário da Netflix, cuja liderança produz e alimenta conteúdos que não refletem nossos valores”, argumentou Wilson.
Reações de críticos e criadores
Enquanto o Pentágono se posiciona contra a série, a visão do criador de “Boots”, Andy Parker, é bem diferente. Durante uma entrevista, ele enfatizou que não vê a série como uma narrativa política, mas sim como um meio de destacar o custo pessoal enfrentado por qualquer indivíduo que sirva no exército, especialmente aqueles que pertencem à comunidade LGBTQ+. Parker deseja que a série proporcione uma compreensão mais profunda das dificuldades emocionais e psicológicas que muitos enfrentam.
“A série toca nas entranhas do que significa para as pessoas lidar com discriminação e medo, e observar o impacto disso”, comentou Parker. “Espero que a série traga uma luz humana para essas questões e que as pessoas saiam com uma empatia maior por aqueles que escolheram servir de forma honrosa”.
Impacto de políticas anti-LGBTQ+
As críticas ao secretário Hegseth, uma figura central na política militar atual dos EUA, não são novas. Hegseth tem sido criticado por suas ações contra ativistas dos direitos LGBTQ+ dentro do exército, incluindo a remoção de seus nomes de embarcações da Marinha. Ele se posicionado firmemente contra a chamada cultura “woke”, prometendo erradicar essa abordagem das Forças Armadas, o que igualmente inclui oposição a diretrizes sobre padrões de fitness neutros em relação ao gênero e o uso de pronomes.
Por outro lado, a série, produzida pelo veterano da Segunda Guerra Mundial Norman Lear e inspirada nas memórias do sargento do Corpo de Fuzileiros Navais, Greg Cope White, é um dos vários esforços de Hollywood para trazer à luz as vivências de indivíduos LGBTQ+ nas forças armadas. Com todos os oito episódios disponíveis para streaming, “Boots” continua a suscitar debates acalorados sobre sexualidade, identidade e o papel dos militares na sociedade americana.
Enquanto isso, a Netflix ainda não se pronunciou oficialmente sobre as críticas do Pentágono.