Em uma recente declaração, o Pentágono direcionou sua atenção à Netflix, particularmente em relação à série de sucesso Boots, que narra a experiência de um cadete gay durante seu treinamento militar na década de 1990. A série rapidamente se tornou uma das mais assistidas da plataforma, levantando questões sobre a aceitação e os padrões no âmbito militar.
A reação do Pentágono
Um porta-voz do Pentágono, Kingsley Wilson, foi questionado sobre a série, que ganhou notoriedade por abordar questões de orientação sexual no contexto militar. Embora não tenha criticado diretamente a série, Wilson utilizou a oportunidade para condenar a programação da Netflix em geral. Em sua declaração, destacou que, sob a liderança atual, o exército dos EUA pretende restaurar o “ethos guerreiro”.
“Nossos padrões são elitistas, uniformes e neutros em relação ao sexo, pois o peso de uma mochila ou de um ser humano não se importa se você é homem, mulher, gay ou hétero. Nós não vamos comprometer nossos padrões para satisfazer uma agenda ideológica, ao contrário da Netflix, cuja liderança consistentemente produz e alimenta conteúdo ‘woke’ para seu público e crianças”, afirmou Wilson.
Polêmicas recentes e recepção do público
A crítica do Pentágono foi intensificada após uma controversa decisão da Netflix de cancelar a série animada Dead End: Paranormal Park, que apresenta um personagem transgênero, resultando em uma onda de boicotes convocados por figuras da direita, incluindo Elon Musk. Essa situação parece ter influenciado a postura crítica em relação a Boots.
Desde seu lançamento, Boots se manteve entre os primeiros lugares da lista de programas mais assistidos na Netflix. A série, estrelada por Miles Heizer, retrata a história de um adolescente de Louisiana que se alista nos fuzileiros navais, baseada nas memórias de Greg Cope White em The Pink Marine.
Temas abordados na série
Um dos questionamentos centrais que a série levanta é: “O que significa realmente se tornar um homem?” Essa reflexão toca na essência da série, especialmente em um momento em que o Secretário de Guerra, Pete Hegseth, fez um discurso bastante debatido em que propôs a “maior padronização masculina” e criticou “homens que se acham mulheres”.
Boots não hesita em criticar as políticas anti-gay das Forças Armadas da década de 1990, que forçavam os membros LGBT a esconderem sua orientação sexual sob pena de punições severas. Por outro lado, a série também retrata de forma respeitosa e positiva o vínculo entre os militares e o valor da auto-estima que a experiência militar pode proporcionar. Com 93% de aprovação entre críticos e 88% entre o público no Rotten Tomatoes, é provável que a série atraia novos recrutas para o alistamento, apesar das duras realidades do treinamento militar.
Novidades na programação da Netflix
Vale ressaltar que a Netflix está prestes a lançar outra série relacionada aos Marines: Marines. Esta série documental acompanhará os membros da 31ª Unidade Expedicionária de Fuzileiros Navais dos EUA, oferecendo um olhar interno sobre o rigoroso treinamento e os momentos emocionais que os jovens Marines vivenciam enquanto constroem laços em meio às complexidades da vida no mar. Marines será lançada em 10 de novembro.
Confira os trailers das duas séries abaixo:
O debate sobre a inclusão e os valores tradicionais no exército continua, e o impacto dessas produções na percepção pública poderá ser significativo.