No último sábado, 18 de outubro, o Papa Leão XIV teve uma manhã especial ao receber no Vaticano os participantes do Jubileu dos Ciganos e Povos Itinerantes na Aula Paulo VI. O evento foi marcado por música, danças e testemunhos emocionantes, antes da chegada do pontífice. Leão XIV exortou os presentes a serem “protagonistas da mudança de época em curso” e convidou-os a “compartilhar a beleza da sua cultura”, junto à fé, oração e ao trabalho honesto.
A importância da presença ciganos na Igreja
O Papa destacou que os membros das comunidades ciganas chegaram a Roma como “peregrinos de esperança”, trazendo consigo um dom inestimável: a fé sólida e a confiança em Deus. Durante seu discurso, ele afirmou que “a esperança é itinerante”, refletindo sobre a jornada que cada um tem enfrentado ao longo dos anos em busca de um espaço dentro da sociedade europeia.
“Que a paz de Cristo esteja em seus corações”, foi a mensagem de acolhimento do Papa, que também quis reconhecer a importância do trabalho dos muitos agentes pastorais que caminham ao lado dos ciganos e itinerantes. “A paz também é necessária nos corações daqueles que compartilham esta jornada com vocês”, acrescentou.
Relembrando um marco histórico
O Jubileu foi uma celebração significativa, marcando 60 anos desde o primeiro encontro mundial entre o Papa São Paulo VI e estas comunidades, ocorrido em Pomezia, em 1965. Esse encontro histórico, que incluiu a coroação da imagem de Nossa Senhora como “Rainha dos Ciganos e Itinerantes”, simboliza a atenção contínua da Igreja Católica a esta parte da população muitas vezes marginalizada.
Acredito que a presença iluminada desses povos, digna de destaque na Igreja, mostra o quanto a comunidade católica se compromete com a inclusão e a justiça social. O Papa reforçou que tanto Deus quanto a Igreja os amam e abençoam, ressaltando a importância deste vínculo espiritual.
Desafios enfrentados pelas comunidades ciganas
O Papa Leão XIV não hesitou em abordar os desafios enfrentados pelas comunidades ciganas e itinerantes ao longo da história. Ele afirmou que, por quase mil anos, esses povos têm vivido como peregrinos e nômades, constantemente marginalizados por modelos sociais que promovem injustiças. “As sociedades progressistas os descartaram, relegando-os às margens, onde viveram sem direitos essenciais e, muitas vezes, sem acesso a serviços básicos como eletricidade e água”, lamentou.
Em um contexto que ainda perpetua enormes desigualdades sociais, o Papa lembrou que “a pedra que os construtores rejeitaram tornou-se a pedra angular”. Ele encorajou os ciganos a se manterem firmes em sua dignidade e orgulho, afirmando que os valores que defendem são fundamentais para a transformação social e para um futuro mais justo e harmonioso.
A mensagem de esperança e dignidade
Leão XIV fez um chamado à esperança, lembrando que estar próximo da condição de Cristo, que foi pobre e humilhado, é um lembrete poderoso para toda a humanidade. “Vocês são testemunhas vivas da beleza da fé e da cultura que trazem consigo”, disse o Papa, instando-os a continuar a viver com dignidade.
Ele revisitou o apelo do Papa Francisco, que em 2019 pediu aos ciganos que mantivessem um coração aberto, livre de ressentimentos. “Sigam em frente com dignidade: a dignidade da família, do trabalho e da oração”, concluiu o Papa. Essa mensagem ressoou intensamente entre os presentes, trazendo uma renovação de esperança e força em meio aos desafios que ainda precisam ser superados.
Em sua exortação final, Leão XIV reforçou que a dignidade conquistada por meio do trabalho e da oração deve servir como um alicerce para construir um futuro mais acolhedor e respeitável para todos, derrubando os muros da desconfiança e do medo. É um convite à união e a construção de um mundo onde todos possam viver em paz e dignidade.
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