A Organização Marítima Internacional (IMO) adiou nesta semana a votação de uma proposta de taxa histórica sobre as emissões de gases de efeito estufa pelos navios. A decisão, tomada em Londres, marca um retrocesso nas regulamentações ambientais multilaterais antes da cúpula climática COP30, que acontecerá no Brasil no próximo mês. A medida deveria ser a primeira taxa global fixa destinada a reduzir a pegada de carbono do setor marítimo.
Impacto no combate às mudanças climáticas e obstáculos políticos
Na sexta-feira, os países participantes decidiram adiar por um ano a votação, após uma proposta da Arábia Saudita. Especialistas do setor já aguardavam a aprovação dessas regras, que poderiam arrecadar mais de US$ 10 bilhões por ano e abrir caminho para o uso de alternativas mais sustentáveis, como a amônia. No entanto, a pressão dos EUA foi decisiva para o adiamento, com o presidente Donald Trump manifestando-se “indignado” com a proposta.
A crise política ficou evidente quando o vice-ministro do Clima da Polônia afirmou que a liderança europeia não era suficiente para avançar nas negociações, destacando a necessidade de maior cooperação internacional. A União Europeia, que tenta liderar o esforço global ao incorporar o transporte marítimo em seu mercado de carbono, não conseguiu reunir apoio para aprovar o imposto, que também enfrenta resistência de países como China, Índia, Grécia e Panamá.
Reações do setor marítimo e desafios futuros
A Câmara Internacional de Navegação, que representa mais de 80% da frota mundial, criticou o adiamento, alertando que a incerteza ameaça investimentos necessários para tornar o setor mais limpo. Ralph Regenvanu, ministro de mudanças climáticas de Vanuatu, afirmou que a falha da IMO demonstra uma inação que prejudica os esforços globais de combate às mudanças climáticas.
Apesar do apoio internacional, o atraso evidencia os efeitos da postura americana. O governo de Donald Trump tem se oposto veementemente às regulamentações de emissões, classificando-as como “imposto global de carbono” e ameaçando adotar medidas como tarifas portuárias, restrições de vistos e sanções econômicas contra países que avancem com as regras.
Consequências para a política climática internacional
Ao longo da semana, sinais de hesitação também emergiram de países anteriormente favoráveis ao plano, como Grécia e Singapura, que sugeriram adiar a votação. A pressão de Washington foi um dos principais fatores para a decisão, além do temor de impactos econômicos e de uma disputa de vontades na diplomacia climática.
O setor marítimo é responsável por mais de 1% das emissões globais, e a taxa planejada seria fundamental para atingir a meta de atingir emissões líquidas zero até meados do século. O secretário-geral da Câmara Internacional de Navegação, Thomas Kazakos, afirmou que a indústria precisa de clareza para fazer investimentos em descarbonização, que agora ficam ameaçados pelo adiamento.
Perspectivas futuras e impacto na diplomacia climática
O adiamento reforça os obstáculos que a diplomacia internacional enfrenta na implementação de regulamentações ambientais mais rigorosas. A resistência americana e o descontentamento de países céticos deixam mais difícil o avanço de metas globais de redução de emissões no setor marítimo, um dos maiores desafios para a sustentabilidade do comércio mundial.
Enquanto isso, os especialistas alertam que o fracasso de regulamentar o transporte marítimo coloca em risco as metas de descarbonização estipuladas na estratégia de gases de efeito estufa da IMO, atrasando o caminho para um setor mais limpo. Os investimentos e as políticas que poderiam acelerar essa transição também ficam em suspenso até que haja consenso internacional mais forte.
Para conhecer mais detalhes sobre o adiamento do imposto marítimo, acesse o artigo completo.