Nos primeiros seis meses de 2025, Sorocaba (SP) vivenciou um preocupante aumento nos casos de exploração sexual infantojuvenil, com 124 registros de estupro de vulnerável, refletindo um crescimento de 29% em relação ao mesmo período do ano anterior. Este cenário alarmante chama atenção para a necessidade de uma maior vigilância e proteção às crianças na era digital.
Entendendo a legislação e os crimes de estupro de vulnerável
O crime de estupro de vulnerável é definido pelo artigo 217-A do Código Penal Brasileiro, que considera qualquer contato sexual com crianças ou adolescentes menores de 14 anos como crime, independentemente de consentimento. Juliana Saraiva, presidente da Comissão de Direitos Infantojuvenis da OAB de Sorocaba, enfatiza que mesmo atos que envolvam apenas toques podem ser enquadrados nesta categoria. “Por exemplo, solicitar a uma criança ou adolescente que toque o corpo de um agressor, mesmo que aparentemente consentido, é considerado crime”, esclarece.
Casos de exploração sexual online
Os perigos não se limitam apenas ao contato físico. Segundo Juliana, os agressores podem atuar de forma remota, utilizando a internet para manipular e coagir as vítimas. “Os agressores podem fingir ser adolescentes ou usar artifícios para atrair as crianças, levando-as a praticar atos sexuais, mesmo estando a distância”, alerta. A complexidade deste crime se torna ainda mais evidente com o aumento dos casos reportados: em 2025, cerca de 40 casos de abuso infantojuvenil foram registrados, incluindo um caso chocante de um homem de 43 anos preso por produzir e compartilhar conteúdo sexual envolvendo seus próprios filhos.
O impacto da adultização na infância
Além da exploração sexual, um fenômeno que vem ganhando destaque é a adultização de crianças e adolescentes, exacerbada por conteúdos e influenciadores nas redes sociais. O influenciador Felipe Bressanim Pereira, conhecido como Felca, trouxe à tona a discussão sobre como as crianças estão sendo tratadas como adultas em conteúdos que, à primeira vista, parecem inocentes. “Esse tipo de exposição pode causar ansiedade e depressão nas crianças, trazendo preocupações sobre suas identidades e comportamentos”, afirma a psicóloga Bruna Callado.
Alertas para os pais e responsáveis
A psicóloga chama a atenção para a importância dos pais em monitorar a atividade online de seus filhos. “Mudanças de comportamento, como irritabilidade ou vergonha em relação ao que estão fazendo online, devem ser observadas de perto. Mesmo que um comportamento pareça positivo, ele pode ser um sinal de manipulação por parte do agressor”, esclarece Bruna. Para ajudar a proteger as crianças, recomenda a supervisão do uso de dispositivos digitais em espaços públicos da casa e a criação de diálogos sobre privacidade e segurança na internet.
Caroline Arcari, especialista em enfrentamento à violência sexual infantojuvenil, complementa essas recomendações, enfatizando que cabe aos adultos a responsabilidade de moderar e guiar o uso de dispositivos pelos jovens. “Todos os dispositivos, tablets e celulares são dos adultos. Isso significa que devemos garantir que as crianças não utilizem esses aparelhos em locais isolados. Precisamos saber o que elas acessam e com quem se comunicam”, reforça.
O papel da sociedade no combate à exploração sexual infantojuvenil
O aumento dos casos de exploração sexual infantojuvenil na internet é um apelo para que a sociedade se una no combate a essa grave questão. Medidas educativas, conscientização sobre os perigos e ações comunitárias são fundamentais para proteger as crianças e adolescentes. É imprescindível que todos, desde os educadores até os responsáveis, façam parte dessa luta, promovendo um ambiente mais seguro para o desenvolvimento das gerações futuras.
Os dados alarmantes de Sorocaba ressaltam a urgência em tomar medidas efetivas e rápidas para enfrentar e mitigar os riscos de exploração sexual. A comunicação entre pais e filhos, a educação sobre segurança digital e a vigilância constante são passos essenciais para contornar esse cenário preocupante.
A reportagem conclui com um chamado à ação: todos devem se involver ativamente na proteção das crianças, fiscalizando o que elas consomem online e buscando informações sobre como detectar sinais de abuso. Afinal, a segurança infantil é responsabilidade de toda a sociedade.
Leia mais sobre segurança digital e violação dos direitos infantojuvenis em nossa seção especial do g1 Sorocaba e Jundiaí.