No último capítulo do remake de “Vale Tudo”, exibido na sexta-feira (17), diversas atrizes negras se uniram para manifestar apoio à renomada atriz Taís Araújo. As mobilizações ocorrem em meio a tensões geradas entre a atriz e a autora da novela, Manuela Dias, e refletem uma necessidade de valorização e reconhecimento da presença de artistas negros na televisão.
Uma trajetória a ser celebrada
A interpretação de Taís Araújo como Raquel Accioly foi marcada por uma trajetória complexa e desafiadora. Após o fim da novela, várias publicações nas redes sociais celebraram sua atuação e destacaram a importância do seu trabalho na mídia. Figuras proeminentes do elenco, como Tatiana Tiburcio, Luana Xavier, Cacau Protasio, Noemia Oliveira, Cris Vianna, Elisama Santos, Aline Borges e Jeniffer Dias, uniram-se para prestar homenagens à atriz. Uma das mensagens que circularam dizia: “O nome dela é Taís Araújo…, mas poderia ser grandeza, realeza… Ela é luz, ilumina onde chega e acende caminhos e possibilidades. Celebramos a sua existência e agradecemos pela sua Resistência! Seguimos… porque você fez e faz história com sua presença.”
Conflitos nos bastidores de “Vale Tudo”
As manifestações de apoio surgiram após a repercussão de desentendimentos entre Taís Araújo e Manuela Dias, responsável pela nova versão da novela. Em agosto, a atriz expressou em uma entrevista à Quem sua insatisfação com o desenvolvimento de sua personagem, dizendo estar frustrada e triste com o rumo da trama. “Gostaria muito de vê-la [Raquel] numa curva ascendente”, declarou à época.
No remake, a trajetória de Raquel sofreu alterações significativas em comparação à versão original de 1988. Antes considerada um símbolo de ascensão social, a personagem passou a enfrentar novas dificuldades, até mesmo retornando à venda de sanduíches na praia após perder seu patrimônio. Além disso, Raquel foi excluída de cenas centrais, incluindo o clímax que acontece no Copacabana Palace, reduzindo sua participação nas sequências decisivas da novela.
Repercussão e consequências
Após as críticas de Taís, Manuela Dias fez uma breve menção ao caso em uma entrevista ao TV Fama, afirmando que “a novela é um processo de colaboração”, o que gerou novas críticas nas redes sociais, levando a autora a limitar os comentários em suas postagens. O clima se tornou ainda mais tenso com a afirmação da comentarista Sonia Abrão no programa A Tarde é Sua, onde alegou que a autora teria “sabotado” Taís ao modificar o perfil da protagonista.
Para evitar novos constrangimentos públicos, a Globo tomou medidas cautelares. Durante a participação de Manuela no Domingão com Huck, Taís não estava presente, assim como ocorreu na festa de encerramento da novela, realizada em 6 de outubro, onde as duas compareceram em horários distintos.
A importância da representação
O apoio de atrizes negras a Taís Araújo destaca uma questão mais ampla: a necessidade de maior representação e reconhecimento da diversidade na televisão brasileira. A trajetória de Taís não é apenas uma história de sucesso pessoal, mas também um reflexo dos desafios enfrentados por muitas artistas negras na indústria audiovisual. Ao celebrar sua presença e realizar essas mobilizações, as colegas de profissão não apenas apoiam Taís, mas também promovem um diálogo necessário sobre a representatividade e a valorização de artistas negros.
Portanto, o que se vê nessa união é um ato de resistência e esperança por um futuro mais igualitário e diverso na televisão, onde todos os talentos, independentemente da cor de pele, possam brilhar com seu devido destaque.
