Brasil, 17 de outubro de 2025
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População em situação de rua no Brasil cresce 142% desde 2019

Mais de 350 mil brasileiros inscritos no CadÚnico vivem em situação de rua, apesar de avanços nos indicadores socioeconômicos do país

A quantidade de pessoas em situação de rua no Brasil atingiu aproximadamente 350 mil em 2025, um aumento de 142% em relação a 2019, segundo dados recentes. Este crescimento contrasta com melhorias em diversos indicadores sociais, que atingiram níveis históricos, e revela o paradoxo enfrentado pelo país na convivência com desigualdades persistentes.

Por que a rua vira casa? Motivos e histórias de superação

Conflitos familiares, desemprego e dependência química figuram entre os principais motivos que levam alguém a viver nas ruas, segundo reportagem do O Globo. Conheça as histórias de Marcelo e Joana, exemplos de quem conseguiu superar esse desafio e retomou a vida fora da rua.

Casos de esperança e desafios atuais

Marcelo Alves de Carvalho, de 57 anos, veio do interior de Minas Gerais para o Rio há um ano e meio, com problemas na coluna e dependência química. Ele hoje busca remédios na Clínica da Família, mas enfrenta dificuldades para manter seus medicamentos seguros, contando com a ajuda de amigos na rua. Sua história revela a vulnerabilidade de quem recorre a abrigos e os obstáculos na busca por autonomia e dignidade.

Segundo a diretora de Promoção dos Direitos da População em Situação de Rua do Ministério dos Direitos Humanos, Maria Luiza Gama, a pandemia agravou o quadro, aumentando o rompimento de vínculos familiares, o desemprego e o uso de drogas, principalmente entre a população LGBTQIA+, aumentando a fragilidade social.

Política social e o paradoxo do crescimento populacional nas ruas

Apesar dos avanços econômicos, como a redução da pobreza e o aumento do salário médio, a assistência social não conseguiu acompanhar esse progresso. O sistema de proteção, incluindo centros de apoio, abrigos e programas de transferência de renda, ainda é insuficiente para atender toda a demanda, aponta o sociólogo Marco Natalino, do Ipea.

Dados do Ministério dos Direitos Humanos indicam que, em 2024, 2.683 municípios registraram casos de pessoas em situação de rua, mais do que o dobro de 2015. O levantamento do IBGE aponta que, em 2022, havia cerca de 281 mil pessoas nessa condição no país, incluindo dados do Censo municipal do Rio, que contabiliza 7.865 moradores de rua.
A estimativa de especialistas do Ipea é que o número total pode chegar a 281 mil, considerando registros consolidados de diferentes fontes.

Desafios e respostas do governo

Em agosto de 2023, o Supremo Tribunal Federal (STF) proibiu remoções forçadas dessa população, exigindo diagnósticos detalhados e planos de ação para uma política nacional de atenção às pessoas em rua, além de restringir práticas de arquitetura hostil. Nessa linha, criou-se o programa Ruas Visíveis, com orçamento de R$ 1 bilhão anuais, voltado para ações de abordagem e habitação.

No entanto, especialistas como Marco Natalino alertam que o valor é insuficiente, e mesmo programas de transferência de renda, como o Bolsa Família, que ampliou seu alcance para 20 milhões de famílias, ainda enfrentam obstáculos para ampliar o atendimento à população vulnerável nas ruas.

Ainda há muito a fazer

Segundo a coordenadora do Núcleo de População em Situação de Rua do Insper, Laura Muller Machado, há uma disparidade entre os avanços sociais e o aumento da população em rua. Ela ressalta que há dificuldades em atender a todos e que o sistema de acolhimento ainda é insuficiente.

Para Joana Darc Bazílio da Cruz, presidenta do Comitê Intersetorial de Acompanhamento da Política Nacional para População em Situação de Rua, o principal entrave é a falta de orçamento e a resistência de governos estaduais na implementação de programas como o Ruas Visíveis, além de práticas de segregação social e criminalização dos moradores de rua.

Ela reforça a urgência de políticas de moradia digna integradas a ações de saúde, assistência social, cultura e trabalho, para reduzir a vulnerabilidade e oferecer condições de reabilitação social.

Fonte: O Globo

Tags: população em situação de rua, políticas sociais, inclusão social, assistência social, Brasil

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