No último dia 16 de outubro, o 2º sargento da Polícia Militar, Adelmo da Silva Guerini Fernandes, com 51 anos de idade, foi assassinado a tiros na Comunidade Asa Branca, em Curicica, Zona Sudoeste do Rio de Janeiro. Conhecido por apelidos como Russo e Magrelo, Adelmo estava sendo investigado por sua suposta participação em uma milícia autodenominada ‘Mercenários’, que atuava na mesma região. O crime ocorre em meio a uma onda de denúncias de corrupção e corrupção policial que afeta o estado.
Um passado tumultuado
Adelmo Guerini não era um desconhecido para as autoridades. Ele havia se tornado réu em um homicídio em Itaguaí, referente a um evento ocorrido em agosto de 2019, onde foi acusado, junto a outros sete policiais, de execuções e fraude processual durante uma operação no Morro do Carvão. Os indícios apontam que, durante esta ação, os PMs dispararam contra dois homens em uma motocicleta sem qualquer resistência, pressionando traficantes locais a pagar propina para que suas vidas fossem poupadas.
Investigações revelam um esquema complexo
As investigações sobre o grupo de milicianos ‘Mercenários’ começaram com uma operação chamada ‘Gogue Magogue’, em julho de 2020. Nesse contexto, o MPRJ apreendeu o celular de Guerini, o que levou à revelação de que policiais militares, que deveriam ser os defensores da comunidade, estavam atuando como criminosos. Os dados extraídos do aparelho revelaram que esses policiais, lotados em batalhões da região, formavam uma organização criminosa que se envolvia em sequestros, extorsões e homicídios.
Códigos internos e práticas violentas
O funcionamento interno do grupo era marcado por uma comunicação única, com termos como ‘Corpinho no chão’ e ‘café com açúcar’, usados para se referir a suas atividades ilícitas. A natureza violenta de suas operações era frequentemente disfarçada, e as autoridades acreditam que muitos crimes não eram sequer reportados, permitindo que os membros do grupo continuassem suas atividades quase impunemente.
Interrupções administrativas e medidas cautelares
Após o recebimento da denúncia e o início do processo judicial, a Justiça determinou várias medidas cautelares contra os policiais, incluindo a suspensão do porte de armas e o afastamento das atividades externas, restringindo-os a funções administrativas. Ironicamente, apesar de estar sob suspensão, Guerini foi executado enquanto estava de folga, levantando questionamentos sobre a eficácia e a implementação dessas medidas de segurança.
Assassinato sob investigação
A Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) está encarregada de investigar o assassinato de Guerini, e as autoridades consideram a principal linha de investigação como uma execução premeditada. As circunstâncias ao redor de sua morte alimentam um debate crescente sobre a corrupção e violência infiltradas em uma das instituições que deveriam proteger a população.
Consequências para a Polícia Militar
A morte de Adelmo Guerini não é um evento isolado. Reflete um padrão alarmante de corrupção dentro da Polícia Militar do Rio de Janeiro. Nos últimos meses, o MPRJ já havia prendido diversos PMs suspeitos de envolvimento em atividades ilícitas e corrupção. Na operação ‘Os Mercenários’, quase todos os PMs citados enfrentam processos por crimes relacionados a extorsão, homicídio e organização criminosa.
O estado do Rio vive uma crise na confiança nas forças policiais, com muitos cidadãos questionando a segurança em suas comunidades. Esse caso, envolvendo um sargento que deveria proteger a população, serve como um prenúncio da necessidade urgente de reformas na segurança pública e na administração da polícia. Afinal, quem protegerá a população se aqueles que juraram defendê-los estão envolvidos em atividades criminosas?
A investigação sobre o assassinato de Adelmo Guerini e as ações do grupo ‘Mercenários’ continua, e a sociedade aguarda que a Justiça tome as medidas necessárias para restaurar a confiança nas instituições de segurança pública do país.