De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PnadC) do IBGE divulgada nesta sexta-feira, 1,7 milhão de brasileiros trabalhavam por plataformas digitais em 2024, representando 1,9% da população ocupada no setor privado. O número aumentou em relação a 2022, quando eram 1,3 milhão, ou 1,5% do total, refletindo a expansão do trabalho por aplicativos no país.
Perfil dos trabalhadores em plataformas no Brasil
A maior parte desses profissionais é composta por homens (83,9%), com idades entre 25 e 39 anos (47,3%), e formação de nível médio completo ou superior incompleto (59,3%). Além disso, quase 54% dos trabalhadores se identificam como pretos ou pardos. Esses dados indicam que o setor permanece predominantemente masculino e com alta representatividade de grupos racializados.
Atividades mais comuns e categorias do trabalho em plataformas digitais
Embora a prestação de serviços gerais seja o segmento que mais cresceu em 2024, chegando a 17,8% do total de trabalhadores em plataformas, a maior parcela ainda atua com transporte particular de passageiros, como Uber e 99, representando 53,1%. Já os entregadores de comida e produtos representam 29,3%, enquanto aplicativos de táxi concentram 13,8%. A categoria de serviços inclui trabalhos diversos, como médicos, diaristas e eletricistas que utilizam plataformas para conectar-se aos clientes.
Guerra de aplicativos e a disputa pelo mercado
O cenário competitivo entre plataformas de delivery de comida, por exemplo, trava uma disputa bilionária pelo cliente no Brasil, segundo reportagens recentes. Além das entregas, tarefas online como freelances em áreas jurídicas, TI, tradução, telemedicina, moderação de conteúdo e transcrição de vídeos também fazem parte da oferta de serviços via plataformas, desde que realizadas de forma intermediada.
Rendimento, jornadas de trabalho e informalidade
O rendimento médio mensal dos trabalhadores por plataformas em 2024 foi de R$ 2.996, um valor um pouco superior ao de quem não trabalha por aplicativos (R$ 2.875). No entanto, essa diferença, que era de R$ 255 em 2022, encolheu para R$ 121, pois os ganhos dos trabalhadores não plataformizados aumentaram mais nos últimos dois anos.
Apesar da maior remuneração, quem trabalha por plataformas também realiza jornadas mais extensas, em média 44,8 horas semanais, contra 39,3 horas dos demais profissionais. Como consequência, o valor por hora de trabalho é menor entre os trabalhadores digitalizados: R$ 15,4 contra R$ 16,8.
Outro aspecto relevante é a alta informalidade do setor, com 71,1% de trabalhadores sem vínculo empregatício formal e apenas 35,9% contribuindo para a previdência social, o que evidencia a fragilidade do vínculo trabalhista nesse segmento.
Implicações e perspectivas do trabalho por plataformas
Especialistas destacam que o crescimento do setor reforça a necessidade de políticas públicas voltadas para a regularização e proteção dos trabalhadores digitais. Além disso, a maior oferta de horas trabalhadas, apesar de menor remuneração por hora, indica uma ampliação na participação dos brasileiros na economia digital.
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