Brasil, 16 de outubro de 2025
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Zema nomeia advogado de mineradoras para chefiar órgão ambiental em Minas

Nomeação de Edson Resende gera polêmica devido a sua relação com mineradoras investigadas.

A recente nomeação de Edson Resende como chefe do órgão ambiental de Minas Gerais, a Feam (Fundação Estadual do Meio Ambiente), levantou uma onda de críticas e desconfiança. O advogado, que se aposentou do Ministério Público no início de 2024, foi o terceiro a assumir o cargo em menos de 40 dias, em meio a uma investigação da Polícia Federal, que apura corrupção na concessão de licenças ambientais, especialmente em projetos relacionados à mineração.

Nomeação e suas implicações

Resende substituiu Maria Amélia Lins, que havia interinamente tomado a posição após a exoneração de Franco, um ex-chefe que foi afastado por suspeitas de irregularidades. O governo justificou a escolha de Resende como uma decisão baseada em sua longa trajetória no Ministério Público, destacando seus conhecimentos na área ambiental. Contudo, críticos apontam que sua recente atuação como consultor de mineradoras pode indicar um conflito de interesses.

Histórico e controvérsias

Antes de sua nomeação, Edson Resende trabalhou como promotor por 31 anos e recentemente fundou um escritório de advocacia especializado em direito ambiental e eleitoral. De acordo com informações, ele teria sido contratado por três mineradoras, incluindo a Itaminas, que opera em áreas sensíveis, como a barragem que se rompeu em Brumadinho em 2019, resultando em 272 mortes e devastação ambiental.

Investigações em andamento

A investigação da Polícia Federal aponta que a Feam, juntamente com a Agência Nacional de Mineração e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, estaria envolvida em um esquema de corrupção que beneficiava empresas do setor mineral. Essa rede de corrupção teria permitido a exploração irregular de recursos em áreas protegidas, resultando em significativos danos ambientais e sociais, com um prejuízo estimado em mais de R$ 1,5 bilhão em propinas e fraudes.

A resposta do governo de Minas Gerais

O governo estadual, através da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), defendeu a nomeação de Resende, alegando que ele não foi representante formal da Itaminas e que sua consultoria foi de curto tempo, em conformidade com a legislação vigente. A Semad afirmou que Resende acompanhou a diretoria da mineradora apenas em uma visita institucional ao Ministério Público, sem envolvimento direto nos processos legais.

Medidas adotadas após a Operação Rejeito

Em resposta às descobertas da Operação Rejeito, que investiga irregularidades no setor de mineração, o governo de Minas Gerais declarou que tomou medidas para afastar os servidores envolvidos e suspender todas as autorizações das empresas implicadas. Além disso, foi iniciada uma ampla operação de fiscalização para assegurar que as suspensões fossem cumpridas e um procedimento interno para revisar os processos relacionados às mineradoras estava em andamento.

Próximos passos e a busca por transparência

A Semad também está considerando a contratação de uma auditoria externa independente para fortalecer os processos de investigação e garantir maior celeridade nas apurações. Esse movimento visa restaurar a confiança na gestão ambiental do estado, especialmente em um momento em que as denuncias de corrupção abalam as estruturas do órgão.

A polêmica em torno da nomeação de Resende é um reflexo das tensões em Minas Gerais em relação às questões ambientais, especialmente diante de um passado recente marcado por tragédias como a de Brumadinho. Enquanto o governo busca justificar suas escolhas, membros da sociedade civil e algumas lideranças políticas continuam a pressionar por maior transparência e responsabilidade na gestão dos recursos naturais do estado.

Com as investigações em curso e uma pressão crescente por mudanças, o futuro do órgão ambiental e de sua nova liderança ainda permanece incerto. As ações que a Feam e o governo tomarão nos próximos meses poderão definir não apenas o legado da atual gestão, mas também o rumo das políticas ambientais no Brasil.

Leia mais sobre o assunto em O Globo.

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