Brasil, 16 de outubro de 2025
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Por que ninguém será maior que Michael Jackson ou os Beatles novamente

Mudanças na cultura de celebridades tornaram a fama global coletiva algo do passado; hoje, a atenção é fragmentada e personalizada.

Esta semana, uma publicação no X despertou debate ao afirmar que Taylor Swift estaria maior do que Michael Jackson algum dia foi, ou perto disso, ameaçando o legado de ícones como os Beatles. No entanto, especialistas e fãs veteranos reforçam que, apesar do sucesso astronômico de Swift, ela nunca atingirá os níveis de adoração global que estrelas do passado conquistaram. Afinal, o fenômeno da fama mudou radicalmente, e essa transformação é a principal razão.

A era da cultura monocromática e seu impacto na fama

Antes da explosão das redes sociais, entre 2004 e 2010, a cultura de massa era unificada. Quando um filme chegava às salas ou um álbum era lançado, a maioria das pessoas consumia o mesmo conteúdo, criando uma experiência coletiva. Como exemplo, a apresentação dos Beatles no Ed Sullivan Show, em 1964, alcançou mais de 73 milhões de telespectadores, e o álbum \”Thriller\” de Michael Jackson tornou-se um evento mundial que atravessou fronteiras, idiomas e gerações.

Naquela época, havia menos opções de entretenimento, e o impacto de uma estrela era quase absoluto. Madonna, por exemplo, moldou décadas com sua estética e controvérsias, sendo uma referência inquestionável na cultura pop. O alcance massivo facilitava o surgimento de ídolos universais, que se tornavam momentos de união em uma sociedade integrada.

O papel do consumo ativo e a fragmentação cultural

Ao longo do tempo, especialmente com o avanço da internet, a cultura deixou de ser um fenômeno singular e passou a se fragmentar. A busca por interesses específicos, via cinemas independentes, shows locais ou lojas de discos, sempre existiu, mas agora ela é facilitada por algoritmos que representam nossas preferências pessoais.

Hoje, quem é considerado famoso depende muito do seu feed e da sua bolha digital. É comum um impacto gigante em um nicho específico parecer maior do que na vida real, enquanto figuras de renome global podem passar despercebidas fora do seu universo digital. Por exemplo, muita gente não sabe que \”Bad Blood\” foi uma indireta a Katy Perry — um debate que parecia épico na cultura pop, mas que se perdeu na fragmentação do público.

Celebridades em tempos de algoritmos e mundos paralelos

Atualmente, o que define a fama mudou: ela é mais dispersa, personalizada e, muitas vezes, invisível para quem não se encaixa na mesma bolha digital. Alguns atores ou influenciadores que parecem grandes para um grupo podem ser desconhecidos para outros. Assim, a noção de uma celebridade universal, que todos reconhecem, é cada vez mais utópica.

Fãs de certos artistas tendem a acreditar que seus ídolos estão em um patamar de reconhecimento maior do que realmente têm. Essa ilusão é reforçada pelas redes sociais, onde o conteúdo alimenta a percepção de que o universo de cada fã gira em torno do seu favorito, criando ilusões de grandeza para figuras que, na prática, têm alcance restrito a determinados círculos.

Por que ninguém será maior do que os ícones do passado

Essa transformação explica por que Michael Jackson, os Beatles ou Madonna alcançaram um impacto quase mítico. O mercado era menos saturado, e uma estrela que conquistava seu espaço tinha a chance de se tornar um símbolo universal. Hoje, há dezenas de Vince Carters da fama, cada um com milhões de seguidores, mas sem o mesmo efeito de unificação mundial.

A descentralização também se reflete na ausência de nomes que todos reconheçam instantaneamente. O próprio Timothée Chalamet, considerado uma estrela em certos círculos, provavelmente passaria despercebido por quem frequenta uma lista de compras comum.

A mudança de cenário e o impacto social

Outra consequência dessa fragmentação é o efeito das câmeras de eco e algoritmos, que criam bolhas onde cada um vive numa realidade própria. Como jornalista de cultura e celebridades, percebo que muitas comunidades acreditam que seu ídolo é maior do que realmente, alimentando uma ilusão de hegemonia que não corresponde ao mundo real.

Esse fenômeno não se limita ao entretenimento; afeta a política, reforçando o isolamento de opiniões contrárias e dificultando a compreensão de uma sociedade plural e complexa. Assim, vivemos uma era de realidades pessoais e experiências fragmentadas, ao contrário da antiga cultura de massa.

O legado de uma era de celebridades compartilhadas

Hoje, o conceito de celebridade é mais democratizado, mas também mais individualizado. Em vez de deuses da cultura, temos uma infinidade de estrelas de nicho, às vezes com alcance global, às vezes restrito a comunidades específicas. A experiência coletiva deu espaço para a personalização, onde cada um constrói seu próprio universo cultural.

Essa mudança, embora diminua a capacidade de uma única figura dominar a atenção mundial, amplia a diversidade de experiências e possibilidades. E, no fim das contas, essa é a razão pela qual não haverá outro Michael Jackson, Madonna ou Beatles: o universo da fama se transformou, oferecendo uma infinidade de pontos de luz ao invés de um só sol central.

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