Brasil, 16 de outubro de 2025
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Por que a Índia está dialogando com o Taliban

A aproximação da Índia com o Taliban revela uma estratégia pragmática em meio às complexidades da segurança regional e interesses geopolíticos

No cenário geopolítico do sul da Ásia, a visita de Amir Khan Muttaqi, ministro das Relações Exteriores do Taliban, a Nova Délhi marca uma mudança significativa na postura da Índia diante do grupo extremista, apesar do histórico de conflitos e desconfiança.

Contexto da relação Índia-Taliban

A Índia mantém uma relação ambígua com o Taliban desde que o grupo assumiu o poder em Cabul há quatro anos. Apesar da memória amarga de ataques terroristas relacionados ao Taliban, como o sequestro de aviões em 1999 e o ataque à embaixada em 2008, Nova Délhi adotou uma postura pragmática, buscando equilibrar interesses estratégicos com críticas aos direitos humanos.

Razões para a aproximação indiana com o Taliban

O envolvimento de Delhi com o Taliban ocorre em um momento de crescente tensão na região. A guerra entre Índia e Paquistão, a influência crescente da China no Paquistão e a postura cautelosa de Washington, que tem reforçado laços com Islâmbad, criaram uma sensação de isolamento para Nova Délhi. Nesse contexto, o Afeganistão tornou-se uma peça-chave para manter influência no centro da Ásia.

Fatores geopolíticos e interesses estratégicos

A aproximação reflete uma estratégia de interesses, com Delhi buscando diminuir a influência do Paquistão na região e ampliar sua presença econômica e diplomática na Ásia Central. Além disso, a relação com o Taliban permite a Nova Délhi estabelecer uma presença no oeste do Afeganistão, numa tentativa de contrabalançar a influência paquistanesa.

Reações e controvérsias na Índia

Diversos segmentos na Índia criticam o diálogo com o Taliban, sobretudo devido ao relato de violações de direitos humanos e à exclusão de jornalistas mulheres em eventos oficiais. Entretanto, a visão predominante no governo de Nova Délhi é de que a política externa deve ser guiada por interesses pragmáticos, não por considerações éticas.

Experiências anteriores, como o engajamento com o Myanmar e a postura ambígua diante da invasão da Ucrânia por parte da Rússia, ilustram essa tendência de trabalhar com qualquer governo no poder que possa garantir benefícios estratégicos para o país.

O papel de Pakistão e o impacto na Índia

A presença do Taliban em Cabul é também uma resposta às dinâmicas regionais envolvendo o Pakistão. Islamabad teme uma aproximação entre Delhi e Kabul, enquanto Kabul busca aliviar a pressão de seu antigo aliado, o Paquistão, que acusa o Taliban de apoiar grupos insurgentes no território paquistanês. Entre as três capitais – Nova Délhi, Cabul e Islamabad – as ações refletem interesses distintos e, por vezes, conflitantes.

Perspectivas futuras e consequências

Ao fortalecer laços com o Taliban, a Índia busca consolidar uma posição de influência na região central, ao mesmo tempo em que tenta equilibrar suas relações com potências globais e vizinhas. Ainda há uma incerteza sobre a continuidade dessa estratégia, que poderá evoluir conforme os interesses de cada ator se aprofundam ou se confrontam.

A visita de Muttaqi a Nova Délhi demonstra que, apesar das controvérsias e das memórias passadas, os interesses pragmáticos continuam a orientar a política externa indiana na Ásia Central e no coração do continente asiático.

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