Na última quarta-feira (15), a Polícia Ambiental de Ubatuba realizou uma operação que resultou na apreensão de 59 quilos de pepinos-do-mar, animais marinhos vitais para o equilíbrio ecológico. A ação culminou na prisão de um homem que foi multado em R$ 6,7 mil e demonstra a constante exploração dessa espécie no Brasil, que está ameaçada de extinção devido à captura e comercialização irregular.
A importância do pepino-do-mar no ecossistema marinho
Os pepinos-do-mar pertencem ao filo Echinodermata, que também inclui estrelas-do-mar, ouriços-do-mar e serpentes do mar. Esses animais, com corpos moles e cilíndricos que podem medir de poucos milímetros até cerca de 30 centímetros, desempenham um papel crucial na manutenção da saúde dos oceanos. Segundo o professor e biólogo Valter José Cobo, da Universidade de Taubaté (Unitau), os pepinos-do-mar são responsáveis pela reciclagem de matéria orgânica e nutrientes, ajudando a limpar o fundo do mar e a aumentar a qualidade das águas oceânicas.
“Todos os animais são importantes, mas os pepinos-do-mar têm um grande papel ecológico porque ajudam a manter os ambientes marinhos saudáveis”, afirma Cobo, ressaltando a necessidade de sua proteção contra a exploração excessiva.
O tráfico de pepinos-do-mar e a sua comercialização
Embora o pepino-do-mar não seja uma iguaria consumida no Brasil, sua demanda é alta em regiões da Ásia, onde é considerado um prato delicado. Essa preferência cultural tem tornado os pepinos-do-mar um alvo frequente para caçadores ilegais. Para se ter uma ideia do alto valor comercial, segundo o Ibama, a venda desses animais no mercado internacional pode alcançar 400 euros por quilo, com as variedades mais raras chegando a até 5 mil dólares.
No caso de Ubatuba, a apreensão foi feita em um local destinado à secagem e processamento dos pepinos-do-mar, que necessitam passar por um rigoroso processo de desidratação para serem preparados para o comércio. “Eles não são transportados in natura, então passam por um processo de desidratação, que diminui o peso deles em até 10 vezes”, explica Cobo. Isso torna ainda mais alarmante a quantidade de indivíduos necessários para resultar em apenas um quilo comercializável.
Consequências legais e ação da polícia
A Polícia Ambiental informou que parte dos pepinos-do-mar apreendidos foi encaminhada à Polícia Federal, que está investigando possíveis ligações com o tráfico internacional de animais silvestres. A captura e o comércio desses animais sem autorização são considerados crimes ambientais graves de acordo com a legislação brasileira.
A corporação destaca que os pepinos-do-mar são essenciais para a filtragem de sedimentos e a manutenção da qualidade do ambiente bentônico, e enfatiza a importância de proteger essa espécie ameaçada. “Sua captura sem autorização configura um grave crime ambiental”, reiterou a polícia.
Desafios na conservação do pepino-do-mar
O tráfico de pepinos-do-mar é um problema crescente que exige uma resposta rigorosa das autoridades. Para além das ações policiais, a conscientização sobre a importância ecológica desses animais é crucial para a sua conservação. “Precisamos educar as pessoas sobre o papel dos pepinos-do-mar no ecossistema e a necessidade de pesca sustentável”, salienta o biólogo Cobo.
Assim, é fundamental que haja um esforço conjunto entre a sociedade, as autoridades e as instituições de pesquisa para combater a exploração irregular e proteger os pepinos-do-mar e outros seres marinhos ameaçados. A preservação desses animais é vital não só para a vida marinha, mas também para o equilíbrio de todo o ecossistema oceânico, que sustenta a biodiversidade do planeta.
No final, a ação em Ubatuba serve como um importante lembrete da necessidade de proteção dos recursos naturais e da importância de preservar nossa rica biodiversidade marinha. Com cada case de apreensão e conscientização, esperamos que mais pessoas se unam na luta pela conservação dessas espécies que são tão essenciais à vida no oceano.