O Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), divulgado pelo Banco Central do Brasil (BC) nesta quinta-feira (16), mostrou uma retração de 0,4% em agosto na comparação com o mês anterior, considerando o ajuste sazonal. Esta foi a primeira queda mensal do índice desde abril, quando apresentou alta de 0,4%.
Desaceleração do crescimento do PIB
Apesar da queda em agosto, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 0,4% no segundo trimestre, indicador oficial medido pelo IBGE. Os dados do BC, por sua vez, fazem parte de uma previsão mais ampla e indicam uma desaceleração na atividade econômica do país neste período.
A expectativa do mercado financeiro é de que o PIB avance 2,16% em 2025, abaixo dos 3,4% registrados no ano passado. O Banco Central projeta uma expansão de 2,1% neste ano, reforçando a tendência de desaceleração.
Contexto da desaceleração e política de juros
A desaceleração da economia já era prevista pelo Banco Central e pelo mercado financeiro, principalmente devido à elevada taxa de juros, atualmente em 15% ao ano — a maior em quase 20 anos. A instituição tem sinalizado que os juros permanecerão neste patamar por um período prolongado, com previsão de cortes somente em 2026.
O BC afirma que uma desaceleração do crescimento faz parte da estratégia de controle da inflação, ajudando a consolidar a meta inflacionária de 3%. Na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgado em agosto, o Banco Central destacou que a economia continua operando acima do seu potencial de crescimento, sem pressionar a inflação.
IBP e IBC-Br: fatores diferentes na análise econômica
Embora o IBC-Br seja considerado uma prévia do PIB, os cálculos entre ambos diferem. O índice do BC inclui estimativas para agropecuária, indústria, setor de serviços e impostos, sem considerar a demanda, ao passo que o PIB do IBGE mede o total produzido na economia, levando em conta o consumo e o investimento.
O BC usa o IBC-Br para orientar decisões de política monetária, especialmente ajustes na taxa de juros. Uma expansão mais forte da economia poderia gerar mais pressões inflacionárias, levando o BC a manter os juros elevados por mais tempo.
Perspectivas para o futuro
Com o cenário de desaceleração, o BC acredita que a estratégia de juros elevados continuará sendo fundamental para alcançar a meta de inflação e manter a estabilidade econômica. A expectativa é de que a economia brasileira apresente sinais mais claros de recuperação apenas a partir de 2026.