No último dia 16 de outubro, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS viu a rejeição do requerimento que pedia a convocação de José Ferreira da Silva, popularmente conhecido como Frei Chico. A medida, que contava com o apoio da oposição, foi barrada por 19 votos a 11, gerando um mercado acirrado entre os parlamentares sobre a necessidade e a relevância da convocação do irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Vozes da oposição
A rejeição gerou reações imediatas, especialmente nas redes sociais. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) expressou sua indignação em uma publicação no X (antigo Twitter), questionando a motivação dos votos contrários à convocação. Ele lembrou que o Sindnapi, do qual Frei Chico é vice-presidente, teve bloqueados R$ 390 milhões, segundo informações do COAF, que indicaram um movimento de R$ 1,2 bilhão ao longo dos últimos anos. Bolsonaro não poupou críticas, indicando que deveria haver interesse em ouvir Frei Chico, dada a magnitude das somas envolvidas.
“Por que a esquerda não quer ouvir este santo homem na CPMI do INSS? […] O sindicato do irmão de Lula está diretamente ligado aos desvios, e mesmo assim não querem ouvi-lo? Por quê?” questionou o senador.
A reação dos aliados de Bolsonaro foi unânime. O senador Marcos Rogério (PL-RO) criticou o que viu como uma manobra de proteção ao irmão do presidente. “O que querem esconder? Uma coisa é certa, quem votou contra a convocação escolheu proteger o roubo, não os aposentados”, afirmou, reforçando a ideia de que a aprovação do pedido poderia ter iluminado aspectos obscuros nas operações do Sindnapi.
Os desdobramentos do escândalo do INSS
A CPMI do INSS está em funcionamento desde o início do ano, após uma série de reportagens investigativas que expuseram práticas irregulares e fraudulentas envolvendo a entidade sindical e a administração do INSS. Reportagens do Metrópoles revelaram que a arrecadação proveniente de mensalidades de aposentados ultrapassou R$ 2 bilhões, enquanto diversas ações judiciais envolviam fraudes nas filiações de segurados.
A repercussão desses acontecimentos levou a Polícia Federal a abrir inquérito e, em dezembro de 2023, foi desencadeada a Operação Sem Desconto, que visou erradicar essas práticas abusivas. As investigações resultaram na demissão do presidente do INSS e do ministro da Previdência, Carlos Lupi, ilustrando a relevância do tema na política nacional.
Pressão da oposição aumenta
Durante as discussões na CPMI, a pressão para convocar Frei Chico intensificou-se, especialmente após a terceira fase da Operação Sem Desconto. O senador Rogério Marinho (PL-RN) expressou desapontamento com a rejeição, citando que a base do governo deveria estar mais aberta a esclarecimentos sobre a atuação da entidade em questão. “A rejeição da convocação de Frei Chico, irmão de Lula, é mais uma prova da operação de blindagem do PT”, desabafou ele.
O clima adverso na comissão evidencia a polarização política que acompanha as investigações. Com os parlamentares da base do governo atuando para proteger aliados, os opositores ressaltam o que consideram um desvio de foco nas apurações. Correligionários como o deputado Carlos Jordy (PL-RJ) e o Coronel Chrisóstomo (PL-AM) se uniram em suas críticas, denunciando tentativas de ofuscar as irregularidades e blindar Freud Chico dos questionamentos que poderiam esclarecer a relação do sindicato com os desvios de recursos previdenciários.
Conclusão e próximos passos da CPMI
Com a rejeição da convocação, a CPMI do INSS prosseguirá suas investigações, mas a ausência de Frei Chico será sentida, especialmente neste momento delicado em que o governo Lula tenta navegar sobre um tema tão carregado. Contudo, o debate sobre a necessidade da convocação e as sombras que pairam sobre o Sindnapi continuarão a gerar polêmica no cenário político. O próximo passo da comissão será crucial para definir os rumos da investigação e a responsabilidade dos envolvidos, e como essa história se desdobrará diante da luz da opinião pública continua a ser uma incógnita.