No último congresso do PCdoB, realizado em Brasília, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez uma declaração impactante ao afirmar que o ano de 2026 será “sagrado”. Em meio a esforços para se aproximar do público evangélico, tradicionalmente conservador, Lula destacou a necessidade de os progressistas entenderem e se comunicarem de maneira mais eficiente com esse segmento da sociedade. A fala ocorre em um momento estratégico, em que a ala da esquerda busca fortalecer suas bases e ampliar seu alcance político.
Abertura do congresso e os evangélicos
Durante sua fala, Lula questionou o modo como a esquerda tem tratado os evangélicos: “Qual é o projeto que vamos apresentar a esse país? Quando é que vamos deixar de dizer que os evangélicos são contra nós?”. Em uma crítica direta, o presidente afirmou que “o erro está na gente, o erro não está neles”, tão sinalizando para a necessidade de uma melhoria na comunicação e na construção de pontes com esta parcela significativa da população brasileira.
Em um contexto onde a relação entre as diferentes vertentes políticas se torna cada vez mais complexa, a aproximação de Lula com os evangélicos figurou como um passo importante. O prenúncio de uma possível reeleição em 2026 foi também um foco, com Lula declarando: “Se eu decidisse ser candidato, não é para disputar só, é para a gente ganhar essas eleições”. Essa assertiva deixa claro o desejo não apenas de participar, mas de conquistar a confiança do eleitorado.
Calibrando o discurso da esquerda
Além de fortalecer o diálogo com os evangélicos, Lula abordou a necessidade de os líderes e militantes da esquerda ajustarem seu discurso para atingir um público mais amplo. “A gente tem que calibrar o discurso para falar com a sociedade brasileira”, disse ele, enfatizando que o discurso deve ser voltado para o povo trabalhador, e não restrito aos círculos elitistas, como o da Avenida Faria Lima, em São Paulo.
Outra parte baixa do discurso de Lula foi direcionada contra as políticas externas, particularmente as do governo americano em relação à Venezuela. Sem citar diretamente Donald Trump, o presidente brasileiro criticou a recente escalada de hostilidade do governo dos EUA em relação ao regime de Nicolás Maduro, ressaltando que o povo venezuelano deve ter o direito de decidir seu próprio destino sem intervenções externas.
Reflexão sobre a política atual e o papel da esquerda
Lula também se voltou para a reflexão sobre a ascensão de figuras da extrema-direita no Brasil e no mundo, sugerindo que esses resultados eleitorais devem ser entendidos à luz dos erros cometidos pela esquerda. Ele comentou sobre sua experiência com outros líderes de esquerda na América do Sul, lembrando que “muitas vezes, a gente costuma jogar culpa nos outros e não pensa se a gente errou”.
Esses comentários destacam a necessidade de autocrítica e a busca por uma renovação nas estratégias da esquerda, que tem enfrentado desafios significativos nos últimos anos. A referência à criação da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), em seu primeiro governo, simboliza um anseio por reconstruir laços políticos mais efetivos na região.
Concluindo sua argumentação, Lula destacou que os recentes resultados eleitorais mostram que “a direita está voltando”, um alerta para a situação política que a América do Sul enfrenta. Ele propôs a ideia de que o resgate da colaboração política será fundamental para unir as forças progressistas em torno de um projeto comum, reafirmando a vitalidade do diálogo e da política de alianças para enfrentar os desafios futuros.
Com um cenário político cada vez mais polarizado, a habilidade de construir pontes entre diferentes segmentos da sociedade se torna crucial para o sucesso das próximas campanhas eleitorais, especialmente para Lula e seu partido, o PT, que buscam recuperar a confiança do eleitorado diante das ameaças da extrema-direita.