No cenário político brasileiro, as alianças entre lideranças religiosas e governamentais têm ganhado destaque, especialmente com a proximidade das eleições. Recentemente, o advogado-geral da União, Jorge Messias, considerado favorito para a indicação à vaga no Supremo Tribunal Federal (STF) após a aposentadoria de Luís Roberto Barroso, participou de um encontro significativo com o presidente Lula e o Bispo Samuel Ferreira, da Igreja Assembleia de Deus Madureira.
Histórico de apoio e mudanças de alianças
O Bispo Samuel Ferreira é conhecido por sua forte aliança com o ex-presidente Jair Bolsonaro, especialmente durante a campanha eleitoral de 2022, quando levou o então presidente a um culto em sua igreja localizada no Brás, em São Paulo. Essa relação, que antes simbolizava uma forte aproximação entre os líderes religiosos e o governo bolsonarista, agora parece estar sendo redirecionada, com a nova gestão buscando fortalecer laços com a comunidade evangélica de maneira diferente.
No encontro que ocorreu nesta quinta-feira, Oliveira foi acompanhado pelo deputado Cezinha Madureira (PSD-SP) e pela ministra Gleisi Hoffmann, da Secretaria de Relações Institucionais. O coro de vozes evangélicas à favor do novo governo parece estar crescendo, marcando uma nova fase nas relações entre o Estado e a religião.
Presentes simbólicos e preces pelo país
Durante o evento, Gleisi Hoffmann postou nas redes sociais uma atualização sobre a reunião, onde destacou momentos emblemáticos do encontro, como quando os líderes religiosos “entregaram ao presidente a Bíblia do Culto do Ministro e a edição de ouro do Centenário de Glória da Igreja.” Além disso, eles realizaram orações pelo Brasil e pelo presidente, enfatizando o papel espiritual que desejam ter nesta nova etapa política.
A importância do apoio evangélico para Lula
O apoio dos líderes evangélicos é visto como uma estratégia crucial para o governo Lula, que busca consolidar sua base de apoio entre as comunidades religiosas. A Igreja Assembleia de Deus, a qual Ferreira pertence, envolve milhões de fiéis em todo o Brasil e, historicamente, sua influência tem sido expressiva nas preferências eleitorais.
Histórico de encontros com autoridades
Em outubro de 2022, durante a campanha ao lado de Bolsonaro, o bispo Manoel Ferreira, pai de Samuel, também havia recebido o então presidente. Naquela ocasião, Manoel, então com 90 anos, tinha declarado apoio explícito a Bolsonaro, um posicionamento que gerou controvérsias em relação à legislação que proíbe candidatos de utilizarem líderes religiosos para angariar votos.
É relevante destacar que, durante o culto onde Bolsonaro estava presente, houve tentativas de limitar a cobertura da mídia, com Samuel Ferreira ameaçando processar jornalistas que publicassem reportagens sobre o evento. Isso demonstra como, em ambientes religiosos, a política pode influenciar diretamente as operações e o discurso religioso.
Um novo caminho?
A relação entre a Igreja e o Estado sempre foi um tema polêmico, especialmente com as recentes mudanças no cenário político. O encontro de Jorge Messias com líderes evangélicos representa não apenas uma tentativa de dialogar com um setor importante da sociedade brasileira, mas também pode sinalizar uma mudança na estratégia do governo em sua busca por legitimidade e apoio em meio a um cenário político polarizado.
Com isso, a aproximação de Lula e sua equipe com a comunidade evangélica pode resultar em novas dinâmicas no campo político e religioso, fundamentais para as futuras eleições e a governança no Brasil. O papel dos líderes religiosos continuará a ser central ao se discutir as relações de poder e influência em nosso país.