Brasil, 17 de outubro de 2025
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Jegues em Jericoacoara: abandono e maus-tratos geram preocupação

Uma turista denuncia maus-tratos a jegues em Jericoacoara após ver os animais comendo lixo e sendo agredidos por turistas.

No pitoresco cenário de Jericoacoara, no litoral cearense, uma situação alarmante envolvendo jegues tem gerado indignação e preocupação. Durante uma visita ao vilarejo, a paulista Daiane Silva Ribeiro registrou em vídeo a cena de um jegue revirando o lixo e consumindo até uma sacola plástica. A turista presenciou, ainda, um momento lamentável de agressão a um dos animais por um turista estrangeiro.

Denúncias de maus-tratos nos animais

Os relatos de Daiane foram particularmente chocantes. “Presenciei um turista estrangeiro que bateu no traseiro de outro jegue que estava caminhando. O animal começou a correr no meio das pessoas, e me preocupei com o risco de atropelamento de um idoso ou criança”, descreve. Segundo ela, essa não é uma situação isolada, uma vez que muitos jegues estão circulando pela vila sem a devida supervisão e cuidados.

A proibição do uso desses animais para transporte de turistas, uma prática comum até alguns anos atrás, gerou uma mudança na dinâmica da convivência entre humanos e jegues. Embora a liberdade dos animais seja umaboa notícia, os desafios que eles enfrentam, como a falta de cuidado e alimentação adequada, permanecem.

Resposta da Prefeitura e dados alarmantes

Além das questões de maus-tratos, a turista tentou denunciar o caso pelas vias oficiais, mas não obteve retorno. Em entrevista, Leandro Cézar, prefeito de Jijoca de Jericoacoara, afirmou que os jegues costumam entrar na vila principalmente durante a noite. O prefeito explicou que a Prefeitura já implementou melhorias na coleta de lixo com a intenção de evitar que esses animais tenham acesso aos resíduos. “Como não há isolamento entre o Parque e a Vila, não temos como controlar totalmente o que acontece”, disse.

Atualmente, a administração municipal estima que cerca de 200 jegues estejam circulando pela região. Leandro acrescentou que não tinha conhecimento sobre os relatos de maus-tratos e destacou que o controle sobre os animais não é de responsabilidade da Prefeitura. Essa declaração levanta um questionamento importante sobre o cuidado que deve ser dado a esses seres que, historicamente, foram companheiros de trabalho e transporte no Brasil.

O risco de extinção dos jegues no Brasil

Por trás da preocupação com os animais em Jericoacoara está um dado alarmante: a população de asininos – que inclui jumentos, jegues, burros e asnos – caiu 62% no Brasil entre 2017 e 2022. Segundo o último Censo Agropecuário do IBGE, o país contava, em 2017, com 376 mil desses animais. No entanto, entre 2017 e julho de 2023, pelo menos 237 mil foram abatidos em frigoríficos autorizados, com grande parte desse abate ocorrendo na Bahia. O Ceará e o Piauí também estão entre os principais estados exportadores de jumentos, geralmente para atender à demanda do mercado chinês por peles usadas na medicina tradicional.

Com essa crescente pressão sobre a população de jegues, a situação se torna cada vez mais crítica, especialmente em locais como Jericoacoara, onde a falta de cuidados e a exploração dos animais podem resultar em sua extinção no Brasil.

A comunidade local e os turistas que visitam a vila de Jericoacoara devem estar conscientes de sua responsabilidade em proteger esses animais e contribuir para a conscientização sobre o tema. O compromisso com o bem-estar dos jegues é um passo fundamental para garantir que eles continuem a fazer parte dessa paisagem única e enriquecedora.

À medida que a conversa sobre os direitos dos animais se torna mais relevante, é essencial que os órgãos responsáveis intervenham e implementem políticas eficazes para proteger os jegues e garantir que não haja negligência no cuidado destes animais tão emblemáticos para a cultura e a história do Brasil.

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