No último intervalo de sessão do Supremo Tribunal Federal (STF), ocorrido na quarta-feira, os ministros Gilmar Mendes e Luiz Fux protagonizaram um desentendimento que reforça a tensão já latente entre eles. O incidente aconteceu na sala de lanches da Corte, trazendo à tona não apenas os conflitos pessoais, mas também as divergências jurídicas que podem afetar decisões futuras do tribunal.
O que aconteceu no desentendimento
Segundo testemunhas do entrevero, Gilmar Mendes, o decano do STF, se dirigiu a Fux chamando-o de “figura lamentável” e sugeriu que seu colega “precisa de terapia para superar traumas”. Essa troca de ofensas gerou um clima de desconforto no ambiente, levando três ministros presentes a se retirarem ao perceberem a exaltação dos ânimos.
Contexto do desentendimento
O conteúdo dessa discussão foi revelado pela colunista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, e confirmado por outras fontes, incluindo o GLOBO. O atrito se intensificou principalmente devido ao voto de Fux sobre a absolvição do ex-presidente Jair Bolsonaro em um caso relacionado a tentativas de golpe, o que gerou revolta em parte do tribunal. Gilmar Mendes, mesmo não participando da Primeira Turma responsável pelo caso, manifestou-se de maneira contundente contra qualquer manobra que tentasse anistiar os responsáveis pelos atos golpistas.
Histórico de conflitos entre Gilmar Mendes e Luiz Fux
A tensão entre os dois ministros, no entanto, não é novidade. Em setembro, Mendes já havia criticado publicamente a decisão de Fux, apontando contradições em sua postura, ao absolver Bolsonaro e condenar, simultaneamente, seus auxiliares diretos, como Mauro Cid e Braga Netto. “Se não houve golpe, não deveria haver condenação. Condenar os executores e absolver o mandante é uma contradição nos próprios termos”, disse Gilmar na ocasião, enfatizando sua posição em defesa da coerência jurídica.
Discussões anteriores e a repercussão na Corte
Além do recente desentendimento, os embates entre Gilmar e Fux já se estenderam a discussões acaloradas em plenário. Um exemplo marcante ocorreu em 2023, durante um julgamento sobre a implementação do juiz de garantias. Naquele momento, Mendes acusou Fux de obstruir a adoção do modelo por razões políticas, enquanto Fux apontava a falta de estudos técnicos e orçamentários como justificativa para a resistência.
A repercussão do desentendimento
Embora os gabinetes de Gilmar Mendes e Luiz Fux não tenham comentado oficialmente sobre o episódio, fontes próximas ao STF afirmam que esse embate pode impactar a coesão interna da Corte. Com julgamentos de grande importância ainda por vir, a atmosfera de incerteza pode se agravar se a divisão entre os ministros continuar a se expandir. A postura adotada por Fux em casos criminais tem sido alvo de descontentamento na Turma, e relatos apontam que ele tem se isolado cada vez mais de seus colegas, o que pode prejudicar a imagem do STF como uma instituição unida.
Os relatos sobre o incidente e sua análise destacam a importância da união no Supremo Tribunal Federal, especialmente em tempos de grande polarização política. À medida que o tribunal se prepara para enfrentar casos com repercussão nacional, a capacidade dos ministros de coexistir e debater de forma produtiva será crucial para a manutenção da credibilidade da instituição.