Brasil, 17 de outubro de 2025
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Conversa respeitosa entre Zohran Mamdani e Martha MacCallum

A entrevista entre o candidato a prefeito de NY e a âncora da Fox News mostrou uma nova abordagem de diálogo político.

Na quarta-feira à tarde, algo notável aconteceu que todos os estrategistas políticos — e possivelmente todos os cidadãos — devem notar. Zohran Mamdani, o auto-descrito pré-candidato social-democrata à prefeitura de Nova York, sentou-se com a apresentadora da Fox News, Martha MacCallum, para uma entrevista de 25 minutos. Sem armadilhas, sem embates hostis. Uma conversa mútua e respeitosa sobre questões controversas que deixou cada espectador mais bem informado.

Esse tipo de diálogo deveria ser comum, mas, na prática, surpreendeu a muitos. MacCallum o pressionou sobre seus comentários polêmicos sobre Netanyahu, Hamas, o ex-presidente Donald Trump, a polícia de Nova York e a política tributária socialista. Mamdani não evitou as perguntas difíceis; ele pediu desculpas a policiais, admitiu sua evolução em relação à polícia e até se dirigiu diretamente a Trump. Nem a âncora nem o convidado saíram ilesos, mas ambos emergiram como humanos.

A nova abordagem de diálogo político

Nos últimos anos, muitos democratas evitaram a Fox News, desdenhando-a como uma arena manipulada. No entanto, quando um candidato caricaturado como uma “ameaça marxista” senta-se diante de uma âncora da Fox e explica propostas como a creche universal e transporte público gratuito—enquanto é desafiado sobre como financiar isso—os espectadores veem algo que os anúncios de campanha não podem fornecer: a realidade.

O ponto não é que Mamdani “venceu” a entrevista; na verdade, ele não o fez. MacCallum o pressionou sobre seu evasão em relação a Hamas e questionou sua promessa de prender Netanyahu. Mas é exatamente por isso que a conversa foi relevante. Os espectadores da Fox viram um socialista democrático que não estava planejando gulags ou queimando bandeiras, mas sim um político de 33 anos tentando explicar como aumentar os impostos sobre os mais ricos poderia financiar programas sociais. Concordem ou não, ele se tornou uma figura tridimensional.

A importância do diálogo genuíno

O que se perdeu na linguagem da persuasão é a capacidade de aparecer em um ambiente onde a maioria das pessoas discorda de você e fazer seu caso apesar disso. Em nosso ecossistema midiático fragmentado, muitos políticos — e jornalistas — confundem desempenho com persuasão. Eles falam com as pessoas, mas não para elas. Mamdani fez o oposto.

A troca também revelou algo sobre MacCallum. Ela poderia ter optado por perguntas mais superficiais, mas, em vez disso, questionou sobre finanças municipais, pressionou por contradições nas políticas e — sim — demandou uma desculpa pública à polícia de Nova York, a qual ela recebeu. Ela até admitiu ter usado ChatGPT para se preparar, um gesto pequeno, mas honesto, que desmistificou a hostilidade robótica que muitas vezes permeia o jornalismo de cable.

O futuro do diálogo político

O tom amigável da entrevista não durou muito. Na hora seguinte, o apresentador da Fox, Will Cain, chamou Mamdani de “ameaça à civilização ocidental”, lembrando aos espectadores o quão rápido a emissora retorna ao seu formato padrão. Mas, por um segmento, o script foi interrompido. O público teve uma visão de uma conversa real entre opositores ideológicos, algo raro hoje em dia.

Ainda que as notícias a cabo enfrentem desafios de smartphones e cortes de assinaturas, elas ainda alcançam milhões de americanos que talvez nunca leiam um informe político ou um ensaio no Substack. Quando um grande candidato entra nesse espaço com substância e humildade, isso remove camadas da caricatura que substitui a política. O objetivo não é converter os fiéis — é lembrar o eleitorado indeciso que desacordo não precisa significar desprezo.

Precisamos de mais disso. Mais democratas na Fox. Mais republicanos na MSNBC. Mais disposição para entrar na sala onde você é presumido culpado e apresentar seu caso, mesmo assim. A democracia não prospera em câmaras de aplausos; ela respira em fricção, argumentação e desconforto.

Se Mamdani vencer nas próximas três semanas, esta entrevista será estudada como um modelo para expandir sua coalizão. Se ele perder, ainda assim será importante como prova de que se fazer presente é mais eficaz do que se isolar. De qualquer forma, isso nos lembrou que a persuasão — a persuasão real e arriscada — ainda não está morta.

Esta é uma peça de opinião. As visões expressas neste artigo são do autor.

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