Nesta quarta-feira (15/10), um tumulto tomou conta da Câmara Municipal de Porto Alegre (CMPA), deixando pelo menos cinco vereadores feridos durante um confronto com a Guarda Municipal. O incidente se desencadeou quando agentes de segurança barraram a entrada de manifestantes no plenário, onde estavam pautados para votação dois projetos que geravam controvérsia: a privatização do Departamento Municipal de Água e Esgoto (Dmae) e a restrição de atuação dos catadores na cidade.
A atuação da Guarda Municipal
De acordo com a presidente da CMPA, Comandante Nádia (PL), a obstrução da entrada dos manifestantes foi devidamente justificada, uma vez que o plenário estava lotado. No entanto, essa medida provocou a revolta dos presentes, que se opunham aos projetos de privatização.
Para dispersar a multidão, a Guarda Municipal utilizou gás lacrimogênio, balas de borracha e bombas de efeito moral, ações que resultaram em ferimentos tanto entre os manifestantes quanto entre os parlamentares. Vereadores dos partidos Psol, PT e PCdoB foram os mais impactados pela repressão policial.
Feridos e acidentes
Os relatos de feridos foram variados e alarmantes. O vereador Erick Denil, do PCdoB, revelou ter sido atingido com três tiros de borracha na perna. Já a vereadora Atena Roveda, do Psol, se feriu após ser atingida por spray de pimenta e estilhaços de bombas, necessitando de atendimento no Pronto Socorro. Outros vereadores, como Grazi Oliveira (Psol) e Natasha Ferreira (PT), também relataram incidentes, incluindo a exposição a gás lacrimogênio e spray de pimenta.
Em um vídeo que circulou nas redes sociais, é possível ver o vereador Giovani Culau sendo alvo de uma bomba lançada ao seu redor. Ele, então, tenta se proteger, enquanto a cena mostra uma mulher que ficou ferida e tinha dificuldade para se levantar devido ao tumulto.
A repercussão do incidente
O ambiente de tensão na Câmara foi corroborado pelo pedido do vereador Marcelo Ustra (PL), conhecido como “Coronel Ustra”, que solicitou a autorização para que aqueles com porte de arma pudessem andar armados no plenário, em uma tentativa de aumentar a segurança dos parlamentares. O pedido, no entanto, não foi deliberado durante a sessão, gerando debates acalorados entre os vereadores e a classe política local.
Uma situação delicada
A ocorrência de violência e ferimentos entre os vereadores neste episódio enfatiza um momento crítico na política de Porto Alegre e revela a crescente tensão entre a política local e as manifestações populares. A securitização dos espaços de debate público, como a Câmara, levantam questionamentos sobre os limites da atuação policial e a proteção dos direitos de manifestação, direitos fundamentais em uma democracia.
O clima de incerteza e a fragilidade das relações entre a população e os representantes eleitos não só geram desconforto, mas também comprometem o diálogo necessário para a resolução de conflitos. A resposta da Guarda Municipal se torna um tópico de análise crucial para entender o papel da segurança em possíveis manifestações futuras.
A cidade de Porto Alegre, assim como muitas outras, se vê diante do desafio de equilibrar a necessidade de ordem pública com o respeito aos direitos dos cidadãos, especialmente em tempos de crise política e social.
O incidente desta quarta-feira na Câmara Municipal de Porto Alegre não é um caso isolado, mas sim uma manifestação de um cenário mais amplo onde a voz popular se encontra muitas vezes silenciada pela força policial. A análise e reflexão sobre eventos como este devem ser constantemente reavaliados para um futuro onde diálogo e respeito prevaleçam na política.