Nesta quinta-feira, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) decidiu, em uma votação apertada, rejeitar a convocação de Frei Chico, irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para depor sobre supostas fraudes envolvendo a entidade. A rejeição foi marcada por 19 votos contrários contra 11 favoráveis, com a presença do presidente da comissão, o senador Carlos Viana (Podemos-MG), que não participou da votação.
Contexto da CPI e o papel de Frei Chico
A CPI do INSS se destina a investigar um esquema bilionário de fraudes que estaria ocorrendo dentro do Instituto. Frei Chico, que ocupa o cargo de vice-presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados da Força Sindical (Sindnapi), foi inicialmente chamado para depor devido a seu envolvimento com a entidade, que tem sido objeto de investigações, incluindo mandados de busca e apreensão. No entanto, ao contrário de outros dirigentes do Sindnapi, ele não foi citado de forma direta nas investigações.
Dos 11 requerimentos apresentados para a convocação de Frei Chico, todos foram rejeitados, evidenciando um forte alinhamento da base governista para barrar a sua participação na comissão. O desfecho da votação sugere um acordo político dos membros da CPI para minimizar a presença de figuras associadas ao governo atual.
Votação e seus desdobramentos
Como votaram os parlamentares
A lista de votos foi dividida, e entre os que apoiaram a convocação de Frei Chico estavam senadores e deputados de partidos como o PL, o Novo e o Republicanos. Em contrapartida, a maior parte dos votos contrários vieram de partidos como o PT, o MDB e o PDT.
Votaram pela convocação:
- Jorge Seif (PL-SC) – senador
- Izalci Lucas (PL-DF) – senador
- Eduardo Girão (Novo-CE) – senador
- Rogério Marinho (PL-RN) – senador
- Damares Alves (Republicanos-DF) – senadora
- Coronel Chrisóstomo (PL-RO) – deputado
- Coronel Fernanda (PL-MT) – deputado
- Adriana Ventura (Novo-SP) – deputada
- Alfredo Gaspar (União-AL) – deputado
- Marcel Van Hattem (Novo-RS) – deputado
- José Medeiros (PL-MT) – deputado
Votaram contra a convocação:
- Soraya Thronicke (Podemos-MS) – senadora
- Randolfe Rodrigues (PT-AP) – senador
- Veneziano Vital do Rego (MDB-PA) – senador
- Paulo Pimenta (PT-RS) – deputado
- Rogério Correia (PT-MG) – deputado
- Dorinaldo Malafaia (PDT-AP) – deputado
- Humberto Costa (PT-PE) – senador
- Eliziane Gama (PSD-MA) – senadora
- José Lacerda (PSD-MT) – senador
- Rogério Carvalho (PT-SE) – senador
- Paulo Paim (PT-RS) – senador
- Leila Barros (PDT-DF) – senadora
- Átila Lira (PP-PI) – deputado
- Cleber Verde (MDB-MA) – deputado
- Orlando Silva (PCdoB-SP) – deputado
- Ricardo Ayres (Republicanos-TO) – deputado
- Alencar Santana (PT-SP) – deputado
- Dagoberto Noguera (PSDB-MS) – deputado
- Beto Faro (PT-PA) – senador
A votação refletiu um forte movimento da base aliada ao governo, que objetivava não fomentar mais controvérsias jurídicas e políticas em torno de figuras próximas a Lula. Além disso, a CPI também rejeitou investigações sobre a publicitária Danielle Miranda Fonteles e sua empresa, que receberam um expressivo montante de um lobista conhecido, também relacionado ao INSS.
Implicações e o futuro da investigação
A rejeição da convocação de Frei Chico tem implicações diretas na transparência da CPI e sua capacidade de alcançar um entendimento claro sobre os eventos em investigação. O advogado Eli Cohen, cuja quebra de sigilo bancário foi aprovada, ele afirmou que o esquema de fraudes não poderia ter acontecido sem o envolvimento de altos escalões do INSS. Ele alertou sobre um envolvimento que incluiria tanto o presidente da instituição quanto o ministro da Previdência.
A continuidade da CPI e as ações futuras dependerão do desenrolar dos trabalhos e da colaboração que angariar entre os envolvidos nas investigações. A rejeição da convocação de Frei Chico, embora tenha preservado algumas figuras-chave, levanta questões sobre a credibilidade da CPI e sua habilidade para abordar um tema tão sensível quanto a fraude no sistema previdenciário brasileiro.
O cenário político continua tenso, e a sociedade brasileira acompanha atentamente os desdobramentos dessa investigação que pode impactar não apenas a segurança da aposentadoria de milhões, mas também a confiança nas instituições públicas.
As informações foram extraídas da publicação original e confirmadas por fontes diretas, incluindo o site do GLOBO.