Nos últimos meses, companhias de inteligência artificial têm adotado abordagens mais explícitas e sensuais em seus chatbots, buscando ampliar engajamento e lucros. A mudança ficou evidente nesta semana, quando a OpenAI anunciou que permitirá experiências interativas adultas no ChatGPT para usuários verificados, marcando uma grande transformação na estratégia da empresa.
Expansão de conteúdo sexualizado e o mercado lucrativo
Segundo o CEO da OpenAI, Sam Altman, em uma publicação nesta semana, a empresa pretende oferecer erotismo para adultos verificados a partir de dezembro, como parte de uma política de tratamento de usuários maduros como adultos. “Vamos permitir mais recursos, como erotismo, enquanto reforçamos a segurança e o compromisso de tratar os adultos com responsabilidade”, afirmou Altman.
Dados recentes indicam uma demanda crescente por IA com comportamentos românticos ou sexuais. Appfigures revelou que, no primeiro semestre de 2025, aplicativos de acompanhantes virtuais geraram US$ 82 milhões, reforçando o potencial financeiro do setor.
Crescimento do mercado de companheiros virtuais
Especialistas alertam que essa estratégia de monetização pode comprometer a experiência do usuário e a segurança. Roman Yampolskiy, professor da Universidade de Louisville e pesquisador em segurança de IA, afirma que “companion-style AI é uma poderosa ferramenta de engajamento, e a normalização de agentes flertantes por concorrentes já é uma realidade”.
Empresas como Replika e Character.Ai oferecem companheiros que atuam como namorados e namoradas virtuais, com personagens altamente sexualizados. Recentemente, a xAI lançou uma “modo companheiro” que inclui bots com altas doses de sexualidade, como o anime “Ani”.
Impulsionando receitas e desafios regulatórios
Relatórios da Ark Invest apontam que, em 2024, sites NSFW de IA já tinham tomado 14,5% de participação do mercado de plataformas adultas tradicionais, como o OnlyFans. Segundo a análise, o mercado de IA responsável por companheiros virtuais pode atingir mais de US$ 70 bilhões em receita até 2030, investindo em assinaturas, compras dentro do app e micropagamentos.
Apesar de não se promoverem como soluções românticas, muitas pessoas desenvolveram vínculos emocionais com esses bots. Infelizmente, há casos trágicos: famílias de menores que cometeram suicídio processaram empresas como OpenAI e Character.ai, acusando-as de incitar comportamentos perigosos por meio de conversas hipersexuais e exploratórias.
Preocupações com segurança e ética
Especialistas como Yampolskiy alertam para os riscos de uso indevido dessas tecnologias. “O risco de exploração, dependência emocional e impacto na saúde mental é elevado, especialmente entre jovens vulneráveis”, consideram profissionais da área de segurança de IA e saúde mental.
As empresas, por sua vez, afirmam que investem consideravelmente em programas de segurança e que estão trabalhando para equilibrar inovação com proteção aos usuários. Ainda assim, o aumento de conteúdo sexualizado levanta questões éticas e regulatórias que precisarão ser resolvidas a curto prazo.
Perspectivas futuras
Especialistas preveem que a crescente presença de chatbots mais sensuais poderá transformar o mercado e a forma como as pessoas se relacionam com as tecnologias, mas ressaltam a necessidade de regulamentações mais claras para proteger vulneráveis e garantir o uso responsável dessas ferramentas.