O diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Sandoval Feitosa, alertou nesta quinta-feira sobre uma situação “extremamente perigosa” no controle do sistema elétrico brasileiro. Durante audiência no Senado, ele destacou o aumento da complexidade na gestão do sistema, impulsionado pelo crescimento da geração solar no país.
Desafios na operação do sistema elétrico com o aumento da solar
Segundo Feitosa, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) enfrenta dificuldades para alinhar a geração de energia ao consumo, especialmente durante os picos diários de uso. Com o crescimento da fonte solar, a geração de energia durante o dia ultrapassa a demanda, criando um desequilíbrio que se agrava no final da tarde, quando o consumo atinge o pico.
Sobe o risco de instabilidades
“Isso é extremamente perigoso. Imagine, nesse momento de rampa, se tivermos um incidente, uma danificação de equipamento importante, uma descoordenação de proteção. Simplesmente ‘vai a pique’ o sistema”, alertou o diretor da Aneel. Essa condição coloca em risco a estabilidade do sistema elétrico, especialmente em períodos de alta demanda.
Crescimento da geração solar distribuída preocupa
Além do aumento da geração solar centralizada, há ainda um crescimento expressivo na geração distribuída, produzida por painéis instalados nos telhados de casas e estabelecimentos comerciais. O ONS, no entanto, não tem controle sobre essa operação, o que dificulta a gestão da rede e aumenta os riscos de instabilidade.
Reações e possíveis consequências
Feitosa destacou a necessidade de avançar em medidas de controle e monitoramento para evitar que os riscos se materializem em falhas ou apagões. “Se nada for feito, a possibilidade de uma situação de crise é real”, afirmou. O desafio é criar estratégias que garantam a segurança do sistema diante desse cenário de crescimento acelerado de fontes renováveis.
Perspectivas futuras e atenção às soluções
Especialistas apontam que o aumento na capacidade de armazenamento de energia e avanços na tecnologia de controle podem ser essenciais para mitigar os riscos. Enquanto isso, o ONS continua ajustando suas operações para atender às demandas crescentes, mas o cenário exige atenção contínua das autoridades regulatórias e do setor energético.
A situação reforça a importância de ações coordenadas para garantir a estabilidade do sistema elétrico brasileiro, que passa por uma fase de transformação significativa na matriz energética. A preocupação da Aneel evidencia a necessidade de planejamento mais robusto e inovação tecnológica para evitar extremos que possam comprometer o abastecimento.
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