No último ano, o Partido Republicano se apoiou fortemente na influência e habilidade organizacional de Charlie Kirk, fundador do Turning Point USA, para garantir um segundo mandato ao presidente Donald Trump. De acordo com uma análise do Pew Research, isso resultou em um aumento significativo no apoio entre os jovens de 18 a 29 anos, reduzindo a diferença de votos que em 2016 era de 30 pontos para apenas 19 em 2024.
Essa conquista traçou o caminho para que Trump retornasse à Casa Branca, mas agora a morte de Kirk levanta questões sobre a sustentabilidade dessa influência entre o eleitorado jovem, precocemente consolidada pelo Turning Point. Jovens conservadores consultados pelo Newsweek afirmam que a organização se beneficiava principalmente do carisma e da estratégia de Kirk. Sem sua liderança, a capacidade da Turning Point de impactar e mobilizar esses eleitores, especialmente jovens homens, é agora um assunto em debate.
A história dos Republicanos na universidade
No contexto mais amplo, os College Republicans têm uma rica história que remonta a mais de 120 anos, quando James F. Burke fundou a American Republican College League na Universidade de Michigan, que mais tarde se transformou no College Republican National Committee (CRNC). Este grupo tem sido um importante campo de treinamento para líderes políticos nos Estados Unidos, incluindo figuras notáveis como o presidente Calvin Coolidge e a ex-candidata Hillary Clinton. No entanto, as divisões internas e os conflitos recentes têm fragilizado sua estrutura e eficácia.
Atualmente, existem quatro facções proeminentes competindo pelo domínio entre os estudantes republicanos: o CRNC, College Republicans United (CRU), a National Federation of College Republicans (NFCR) e os College Republicans of America (CRA). Cada uma dessas facções reivindica representar melhor a coalizão MAGA, mas todas também enfrentam tensões internas que dificultam a unidade.
A luta pela supremacia
A recente fragmentação e rivalidade entre os grupos surgiu como um desafio significativo. O CRNC, por exemplo, perdeu muito de seu poder após a aprovação da Bipartisan Campaign Reform Act em 2002, que limitou os fundos que poderiam ser direcionados a grupos aliados. Desde então, a arrecadação do CRNC caiu dramaticamente, deixando-o em uma posição vulnerável.
Como se não bastasse, disputas sobre liderança e alegações de corrupção e mau gerenciamento financeiro têm alimentado ainda mais a dissensão entre as organizações. A ex-presidente do CRNC, Alexandra Smith, denunciou Trump publicamente, levando a um descontentamento entre os membros e resultando na formação de novas facções que desafiaram a estrutura estabelecida.
Desconfiança e divisão ideológica
Enquanto isso, a NFCR e o CRA surgiram como alternativas viáveis, tentando galvanizar os republicanos jovens. Rachel Howard, uma das líderes da NFCR, criticou os métodos de gerenciamento de outros grupos, descrevendo-os como inadequados. Por outro lado, Will Donahue, do CRA, defende um modelo de liderança mais centralizado e afirma que a falta de memória institucional em alguns grupos é o principal obstáculo para sua eficácia.
Ambos os líderes reconhecem que, apesar das divergências, seus objetivos finais são compartilhados: avançar os valores conservadores e apoiar candidatos do GOP. Eles destacam a importância de trabalhar junto, reconhecendo que a unidade pode ser a chave para um futuro político mais robusto para os republicanos nas universidades.
O papel da liderança republicana
Em meio a essa fragmentação, há um chamado crescente para que o Comitê Nacional Republicano (RNC) intervenha e ajude a mediar um processo de unificação entre os grupos. Recentemente, o porta-voz do RNC expressou seu compromisso em construir um movimento coeso entre os jovens conservadores, enfatizando a importância de engajar esse eleitorado crucial. Contudo, muitos questionam se a RNC estará disposta a lidar com as complexidades dessa dinâmica interna.
Os republicanos enfrentam um momento crítico ao tentarem conquistar a atenção dos jovens. Apesar das vitórias eleitorais recentes, pesquisas indicam uma desaceleração no apoio entre este grupo, especialmente com a possibilidade de uma futura liderança que não tenha o mesmo apelo carismático que Trump possui. A Turning Point USA, sob a liderança de Erika Kirk, pode ser fundamental para continuar a influência conservadora nas universidades, mas a fragmentação dos College Republicans pode representar um risco significativo para essa continuidade.
A forma como os grupos se organizam e competem não apenas reflete suas diferenças internas, mas também o futuro do Partido Republicano enquanto tenta se afirmar na política americana. Se Turning Point não conseguir manter sua influência, o GOP pode se ver lutando para consolidar e unir o mais de um século de história dos College Republicans em um novo contexto político.